Haddad pode se reunir com secretário do Tesouro dos EUA para discutir tarifas
Ministro da Fazenda quer negociar com Scott Bessent antes da reunião de ministros das finanças do G20
247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (29) que poderá se reunir com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para discutir as tarifas impostas pelo governo americano a produtos brasileiros. A expectativa é de que a conversa ocorra antes da reunião de ministros das finanças do G20, marcada para os dias 15 e 16 de outubro em Washington.
“Eu tenho uma ida para os Estados Unidos para o G20. Na pior das hipóteses, acredito que a gente vai se falar lá. Mas quem sabe antes disso os dois gabinetes marquem uma reunião. É possível também”, afirmou após participar do Macro Vision, evento do Itaú BBA, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.
Reunião presidencial em negociação
Questionado se participaria da reunião que vem sendo articulada entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, Haddad disse que a decisão cabe ao chefe do Executivo, mas garantiu estar à disposição.
Tarifaço é visto como “tiro no pé”
Haddad classificou como “animosidade artificial” o clima atual entre Brasil e Estados Unidos e afirmou que a situação tende a ser superada. Em sua avaliação, o tarifaço norte-americano, que elevou em até 40% o custo de produtos como café e carne, prejudica também a economia dos EUA. “Não faz o menor sentido (os EUA) pagarem mais caro no café, na carne, não faz o menor sentido”, criticou.
Histórico das negociações
O ministro recordou que, em maio, esteve reunido com Bessent em Washington. Naquele encontro, o secretário do Tesouro havia sinalizado que não seria lógico impor barreiras comerciais à América do Sul. “Aí, dois meses depois, muda tudo, e veio uma tarifa que está aí, de 40% extra sobre alguns produtos. Todo mundo vai concordar que não faz o menor sentido, do ponto de vista econômico, nem para ele, nem para nós”, afirmou.
Impacto econômico e perspectivas
Haddad destacou que, do ponto de vista macroeconômico, os efeitos das tarifas devem ser limitados. No entanto, setores específicos da economia brasileira sentem de forma mais intensa o impacto das medidas.
Para o ministro, é apenas uma questão de tempo até que se inicie um debate mais “racional” entre os países, separando a economia de política. Ele citou como positivo o discurso do presidente Lula na Assembleia Geral da ONU, considerado um passo para criar um ambiente mais amigável. “Gerou um clima mais amigável, temos que explorar isso”, avaliou.