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      Governo prioriza negociação com Trump e adia retaliação ao tarifaço dos EUA

      Após sobretaxa a produtos brasileiros e recuo parcial, Alckmin e Haddad lideram tratativas com a Casa Branca e governo mantém retaliação em segundo plano

      Lula e Geraldo Alckmin (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - O governo brasileiro optou por intensificar o diálogo com os Estados Unidos, em vez de adotar medidas imediatas de retaliação contra as tarifas impostas por Washington. De acordo com o jornal O Globo, o Palácio do Planalto considera que ainda há margem para reverter parte dos impactos negativos do tarifaço decretado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que está em seu segundo mandato.

      Na quarta-feira, Trump assinou uma ordem executiva impondo uma tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros. No entanto, a medida veio acompanhada de exceções importantes: itens como suco de laranja e aviões foram poupados, deixando aproximadamente 45% das exportações brasileiras ao mercado norte-americano fora do escopo das novas tarifas. Ainda assim, 35,9% dos produtos exportados foram diretamente atingidos pela taxação.

      Governo aposta no tempo extra para negociação - O decreto de Trump prevê um prazo de sete dias até que as novas tarifas entrem em vigor. Para o governo brasileiro, esse intervalo representa uma oportunidade crucial para intensificar as conversas e tentar obter condições mais favoráveis para setores fortemente afetados, como os de carnes, café e pescados.

      Embora a Lei de Reciprocidade permita ao Brasil adotar contramedidas comerciais, a orientação no Planalto é clara: apostar no diálogo em múltiplos níveis antes de recorrer à retaliação. Assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já começaram a sondar a disposição das autoridades norte-americanas para uma nova rodada de tratativas.

      Segundo interlocutores do governo, a estratégia leva em consideração experiências anteriores nas quais os EUA recuaram gradualmente após pressão diplomática.

      Alckmin: “A negociação não terminou” - Durante participação no programa Mais Você, da TV Globo, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) reforçou a postura diplomática do governo. “A negociação não terminou”, afirmou, sinalizando que o Brasil considera esta nova etapa como uma segunda fase no processo de enfrentamento ao tarifaço.

      O Ministério da Fazenda também está mobilizado. O ministro Fernando Haddad (PT) revelou que busca reabrir o canal de diálogo direto com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent. Em maio, Haddad já havia se encontrado com Bessent, e, nos últimos dias, sua equipe vinha tentando agendar uma nova conversa. Segundo o ministro, o contato foi restabelecido: "A assessoria do secretário Bessent fez contato conosco ontem e que finalmente vai marcar a segunda conversa [...] haverá agora uma rodada de negociações, e vamos levar às autoridades americanas o nosso ponto de vista".

      Estratégia dupla: Alckmin nas tarifas e Haddad na cooperação econômica - O governo brasileiro estrutura uma estratégia de frente dupla: enquanto Alckmin foca nos impactos econômicos setoriais das tarifas, Haddad conduz a interlocução sobre iniciativas de cooperação econômica mais ampla. Segundo aliados do ministro da Fazenda, o Brasil tem “cartas na manga” para tentar obter concessões dos norte-americanos.

      Internamente, o governo já havia preparado um plano de contingência antes mesmo do anúncio de Trump. Agora, com a exclusão parcial de produtos da tarifa, a equipe econômica reavalia o pacote, que deve incluir medidas de proteção ao emprego e subsídios ao crédito para os setores mais prejudicados.

      Na quinta-feira (31), Lula reuniu-se com ministros para discutir os próximos passos. Em sua fala no programa da TV Globo, Alckmin indicou que as ações do governo visam minimizar o impacto fiscal: "Não queremos déficit nenhum. Queremos o menor impacto possível. Segundo, pode excluir do (resultado) primário (das contas públicas). Como foi no Rio Grande do Sul, que teve um fato superveniente".

      Assim, o governo aposta em uma saída negociada para o impasse comercial, buscando preservar os setores produtivos sem romper com os Estados Unidos — principal destino de diversos produtos brasileiros.

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