Governo Lula aposta em Scott Bessent para tentar reverter tarifa de Trump a produtos brasileiros
Secretário do Tesouro é visto como um dos poucos capazes de convencer o presidente dos EUA a recuar
247 - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensifica esforços diplomáticos para reverter a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e aposta na influência de Scott Bessent, secretário do Tesouro americano, como peça-chave nessa negociação, relata o Valor Econômico.
Segundo a publicação, Bessent é considerado em Brasília um interlocutor raro: mantém boa comunicação com a equipe econômica brasileira e, ao mesmo tempo, proximidade com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Essa combinação faz dele a principal aposta do governo para que as propostas brasileiras cheguem de forma efetiva à Casa Branca.
Conversa direta com Haddad
Nos próximos dias, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), terá uma conversa por telefone com Bessent. A expectativa é de que o diálogo se concentre nas questões comerciais, evitando temas políticos, em uma tentativa de destravar o impasse. Em maio, ambos se encontraram em Los Angeles, mas a reunião ocorreu antes de Trump anunciar a taxação.
Mesmo visto como “o adulto na sala” pelas autoridades brasileiras, Bessent é conhecido por selecionar cuidadosamente as disputas que abraça. “Ele é o cara para tratar [esse tipo de coisa], só que ele escolhe as batalhas dele”, disse uma fonte ligada às tratativas. O receio no Planalto é que o secretário do Tesouro não se disponha a enfrentar essa pauta específica.
Tentativas frustradas
Antes de chegar a Bessent, o governo Lula buscou outros nomes próximos de Trump, como o secretário de Estado, Marco Rubio, e o secretário do Comércio, Howard Lutnick. Embora Rubio tenha reconhecido a importância de manter canais de diálogo — lembrando que Brasil e EUA têm 200 anos de relações diplomáticas —, nenhuma dessas conversas resultou em avanços concretos.
Obstáculos internos no governo Trump
Negociadores do Itamaraty apontam que a dificuldade em avançar está ligada ao estilo de gestão de Trump. Um exemplo recente foi a demissão de Erika McEntarfer, presidente do Departamento do Trabalho, após divulgação de dados de emprego abaixo das expectativas. Para fontes ouvidas, esse tipo de episódio reforça a postura defensiva de autoridades americanas nas tratativas com o Brasil.
“Enquanto o Trump não mexer as peças [do xadrez], os interlocutores vão continuar jogando na defensiva e fazendo jogo duro. Se algum deles sair da linha, acaba a carreira do cara”, avaliou um integrante das negociações.
Com esse cenário, a aposta brasileira recai sobre a habilidade de Bessent em abrir um canal direto com Trump e, possivelmente, mudar o rumo das tarifas que hoje ameaçam setores estratégicos da economia nacional.
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