Governo brasileiro pressiona EUA por isenção do café em tarifa de 50%
Washington poderá abrir exceção para produtos naturais como café e manga; ministro Haddad diz que diálogo continua
247 - O governo brasileiro ainda nutre a expectativa de que o café seja incluído em uma lista de exceções às novas tarifas de importação impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conforme revelou o jornal O Globo nesta sexta-feira (1º). A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, que foi oficializada na última quarta-feira (30), não poupou o principal item da pauta exportadora nacional aos EUA, o café, que segue entre os itens atingidos, ao lado de carnes e pescados.
A possibilidade de reversão parcial dessa medida ganhou fôlego após declarações do secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que mencionou que “recursos naturais” de países estrangeiros poderiam ser liberados da taxação. Sem citar países específicos, Lutnick fez referência direta ao café e à manga — culturas tropicais que, segundo ele, não são cultivadas nos Estados Unidos e poderiam se beneficiar de isenção. Outros produtos como cacau e abacaxi também entrariam nessa categoria.
Apesar disso, Lutnick ressaltou que esse tipo de dispensa costuma ocorrer apenas quando existem acordos bilaterais, o que ainda não é o caso do Brasil. Essa lacuna diplomática tem sido alvo de atenção por parte das autoridades brasileiras, uma vez que os impactos econômicos da tarifa sobre o setor cafeeiro são significativos.
De acordo com dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), entre janeiro e maio de 2024, os Estados Unidos foram destino de 17% de todas as exportações brasileiras de café, o que representa cerca de 3,3 milhões de sacas no semestre. Em termos de consumo interno americano, o café brasileiro responde por aproximadamente 33% do mercado, consolidando-se como o principal fornecedor.
Especialistas ouvidos pelo jornal apontam que parte da produção nacional pode ser redirecionada a outros mercados ou até triangulada por meio da cadeia global para alcançar os EUA com menor impacto tarifário. No entanto, esse tipo de operação leva tempo e exige uma estrutura complexa, razão pela qual o Brasil segue tentando incluir o café na lista de exceções.
Durante agenda nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o Brasil não cogita retaliar os Estados Unidos e reafirmou o compromisso do país com o diálogo. “Desde que seja bom para os dois lados”, disse ele, indicando que as negociações continuam em curso. Na véspera, Haddad já havia afirmado que a ordem executiva assinada por Trump não encerra o debate, mas inaugura uma nova etapa de tratativas.
A entrada em vigor da tarifa de 50% está prevista para 6 de agosto. O governo brasileiro estima que cerca de 45% das exportações ficarão isentas dessa alíquota mais alta, sendo enquadradas na chamada “tarifa recíproca” de 10%, estabelecida unilateralmente pelos Estados Unidos como referência para o Brasil.
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