Prazo estendido pelos EUA evita prejuízo imediato à carne bovina brasileira, diz Abiec
Mesmo sem isenção da tarifa de 40%, setor avalia positivamente o tempo extra para embarques já realizados chegarem aos EUA sem sobretaxa
Apesar de a carne bovina brasileira ter ficado de fora da lista de exceções à tarifa adicional de 40% imposta pelos Estados Unidos, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) avaliou como positiva a extensão do prazo para o início da cobrança. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (30) por meio de comunicado do governo norte-americano, conforme repercutido pela entidade do setor.
Segundo o presidente da Abiec, Roberto Perosa, o novo cronograma permite que os embarques já em curso ou prontos para serem enviados escapem da taxa extra. “Isso faz com que as carnes que estavam no mar ou desembaraçadas nas aduaneiras brasileiras possam chegar aos EUA em tempo hábil. Nesse sentido, o prazo dado é satisfatório”, afirmou Perosa.
A tarifa entra em vigor dentro de sete dias para produtos que já se encontram em solo norte-americano. Já para as cargas embarcadas até esse prazo, a cobrança valerá somente a partir de 5 de outubro. A estimativa é de que aproximadamente 30 mil toneladas de carne bovina brasileira estejam em trânsito ou nos portos aguardando envio aos Estados Unidos desde o anúncio da medida tarifária, feito em 9 de julho.
“Não há substituto imediato”, diz Abiec
O dirigente da Abiec destacou que a carne bovina brasileira não foi a única excluída da lista de exceções. “Vários itens não entraram no rol de exceções. O governo está tentando negociar. Nós estamos tentando conversar com importadores para que continuem negociações lá nos EUA também”, declarou.
Perosa reiterou a confiança da entidade no esforço diplomático brasileiro, mas reconheceu os riscos que o tarifaço impõe às exportações. “Continuamos acreditando que o governo brasileiro está se esforçando para negociações, mas a alternativa é distribuir esse volume ao redor do mundo. Não há nenhum mercado com tanta especificação e rentabilidade quanto o americano. Não há um substituto imediato”, afirmou.
Ele também destacou o peso dos Estados Unidos para o setor. “Os Estados Unidos são o segundo principal mercado da carne bovina brasileira. Em curto prazo, não há tempo de fazer essa destinação. Os frigoríficos já pararam de produzir esses cortes específicos para os EUA”, completou.
Tarifa torna exportação inviável, alerta setor
Caso a tarifa de 40% seja mantida, Perosa afirma que as exportações brasileiras para os Estados Unidos perderão a viabilidade comercial. “Essa taxação inviabiliza as exportações. Se for mantida, agora os EUA terão de se suprir de outros mercados porque a carne bovina deixa de ser competitiva, mas apostamos ainda que haja negociação para retomar o fluxo normal do comércio”, afirmou.
A indústria brasileira tinha como meta exportar cerca de 400 mil toneladas de carne bovina para o mercado americano em 2025. A Abiec também alerta que a imposição tarifária pode provocar impacto inflacionário nos Estados Unidos, uma vez que o produto brasileiro é amplamente utilizado para a produção de hambúrgueres. “É uma produção complementar à americana”, observou Perosa.
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