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      Goiás mira liderança global em minerais críticos e abre negociação com o Japão

      Segundo Caiado, Goiás não pretende se limitar ao papel de exportador de matéria-prima das terras raras

      Ronaldo Caiado lidera reunião com Embaixada do Japão no Brasil para tratar da exploração de Terras Raras em Goiás (Foto: Walter Folador)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O governador Ronaldo Caiado recebeu nesta quinta-feira (28/8), no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia, a comitiva da Embaixada do Japão no Brasil para avançar nas tratativas sobre exploração e processamento de terras raras no estado. A informação foi divulgada pela Secretaria de Comunicação do Governo de Goiás. O encontro foi considerado um marco na cooperação estratégica com o Japão, país que busca ampliar sua participação na cadeia global desses minerais.

      Segundo Caiado, Goiás não pretende se limitar ao papel de exportador de matéria-prima. “Chegamos a um entendimento para avançar na cooperação entre Goiás e o governo japonês, não apenas na exploração, mas também no processamento das terras raras”, afirmou o governador.

      Japão aposta no potencial goiano

      O embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi, destacou a importância da agenda conjunta. “Veio a equipe completa do governo japonês para discutir e para aprofundar nossos laços, colaborações na área de terras raras”, disse. Nesta sexta-feira (29/8), a delegação visita a mineradora Serra Verde, em Minaçu, e também a planta fabril da Aclara Resources, em Aparecida de Goiânia, além de participar de reuniões institucionais.

      Yuzo Yamaguchi, diretor da divisão de recursos minerais do Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão, reforçou o interesse: “Entre todas as nossas procuras, vimos aqui no Brasil e principalmente no estado de Goiás, que existe essa grande chance de nos atender em relação à demanda de terras raras e pesadas”.

      Importância estratégica das terras raras

      As terras raras compreendem 17 elementos aplicados em tecnologias de ponta, com uso crescente em turbinas eólicas, veículos elétricos, baterias, equipamentos militares e data centers. Goiás concentra aproximadamente 25% das reservas mundiais conhecidas e é o único ponto fora da Ásia que realiza produção em larga escala.

      O governador defendeu que a parceria com o Japão avance também para as fases de separação e refino do minério, etapas hoje dominadas pela China. “Goiás não quer ser apenas exportador de matéria-prima. Precisamos da sensibilidade para que essas etapas seguintes sejam implantadas aqui”, disse Caiado.

      Avanços institucionais e investimentos

      Caiado destacou ainda a sanção da Lei nº 23.597, que criou a Autoridade Estadual de Minerais Críticos. A medida estabelece governança para todas as etapas da mineração e cria a possibilidade de um fundo de pesquisa. “O governo japonês poderá, com a tecnologia que tem, implantar aqui conosco o refino, a separação dos produtos ou contribuir para esse fundo, ampliando nossa capacidade de pesquisa”, afirmou.

      A política já começa a impactar investimentos: em Nova Roma, o processamento de argilas iônicas deve receber R$ 2,8 bilhões, com previsão de gerar 5,7 mil empregos. Em Aparecida de Goiânia, a multinacional chilena Aclara Resources inaugurou neste ano uma planta fabril com aporte inicial de R$ 30 milhões. Em Minaçu, a Serra Verde Pesquisa e Mineração já produz em escala comercial disprósio, térbio, neodímio e praseodímio.

      Missão ao Japão abriu portas

      As tratativas com o governo japonês foram iniciadas em julho, quando Caiado liderou missão oficial a Tóquio. Na ocasião, o governador se reuniu com Ogushi Masaki, ministro da Economia, Comércio e Indústria do Japão, que manifestou interesse em parcerias estratégicas no setor.

      O secretário-geral de Governo, Adriano da Rocha Lima, reforçou a meta de Goiás: “Nós queremos também desenvolver a cadeia de valor das terras raras aqui dentro do estado. E sair da situação atual, onde só entregamos para o exterior o concentrado e o carbonato de terras raras, sem que a separação, que é a próxima etapa, seja executada aqui”.

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