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FMI atribui resiliência da economia global à ausência de retaliações às tarifas de Trump

Diretora-gerente Kristalina Georgieva afirma que decisão de países em manter o comércio aberto sustentou o crescimento mundial

Lula e Donald Trump - 23 de setembro de 2025 (Foto: Reuters)

247 – Durante as reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Washington, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, destacou nesta terça-feira (15) que a decisão da maioria dos países de não retaliar as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi um dos principais fatores que reforçaram a resistência da economia global.
A informação foi publicada pela Reuters, em reportagem assinada por Karin Strohecker e David Lawder.

 “O mundo, até agora, e não posso enfatizar o suficiente, até agora, optou por não retaliar e continuar a comercializar praticamente com as regras que existiam”, afirmou Georgieva.
“Isso evitou uma escalada tarifária debilitante.”

Crescimento global e impacto das tarifas

Mais cedo no mesmo dia, o FMI revisou para cima sua projeção de crescimento do PIB global em 2025, elevando-a de 3,0% para 3,2%, conforme a nova Perspectiva Econômica Global. O organismo, contudo, alertou que uma nova guerra comercial entre Estados Unidos e China, ameaçada por Trump, poderia reduzir significativamente o ritmo da produção mundial.

Georgieva também observou que a taxa tarifária efetiva dos EUA diminuiu em relação às estimativas anteriores. Inicialmente, as tarifas médias anunciadas por Trump em abril estavam projetadas em 23%, mas acordos comerciais com a União Europeia, o Japão e outros parceiros estratégicos reduziram esse percentual para cerca de 17,5%.

 “A tarifa efetiva, no entanto, o que está sendo cobrado quando você obtém exceções para acomodar a necessidade de bom funcionamento da economia, nós a calculamos entre 9% e 10%, de modo que o ônus é mais de duas vezes menor do que pensávamos que seria”, explicou.

Políticas e adaptação empresarial sustentam o crescimento

A diretora-gerente do FMI destacou ainda outros fatores que contribuíram para a resiliência da economia global, como as melhores políticas adotadas pelos países para estimular o setor privado e a alocação mais eficiente de recursos. Além disso, empresas demonstraram agilidade ao reorganizar cadeias de suprimentos e antecipar importações, reduzindo o impacto das tarifas sobre suas operações.

Riscos de valorização excessiva no mercado

Apesar do cenário otimista, Georgieva alertou para os riscos de uma possível correção nos mercados financeiros globais, especialmente no setor de tecnologia, que tem sido o motor da alta recente nas bolsas de valores.

 “Isso é uma aposta, uma aposta muito grande”, disse. “Se der retorno, fantástico — então nosso problema com o baixo crescimento estará resolvido, porque veremos um aumento na produtividade e também no crescimento. Mas e se demorar a se concretizar ou não se realizar totalmente? E então?”

O economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, também manifestou cautela. Em entrevista à Reuters, ele afirmou que o boom de investimentos em inteligência artificial pode gerar um colapso semelhante ao das empresas pontocom em 2000, afetando investidores em ações. No entanto, avaliou que o risco de uma crise sistêmica é limitado, uma vez que o movimento não está sendo fortemente financiado por dívida.

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