"EUA estão com medo do BRICS", afirma Carlos Viana sobre tarifaço de Trump ao Brasil
Senador diz que crise comercial com Washington é reação à liderança do Brasil no bloco liderado por Lula, e não à situação jurídica de jair Bolsonaro
247 -O senador Carlos Viana (Podemos-MG) afirmou que a alegação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) motivou o aumento de tarifas sobre o Brasil é apenas uma justificativa política para uma questão mais ampla. Segundo o parlamentar, que integra a comitiva brasileira em Washington para negociar a crise comercial, o verdadeiro motivo do atrito é o papel geopolítico do Brasil no cenário internacional, especialmente dentro do BRICS.
Para Viana, o protagonismo brasileiro no bloco liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o que realmente incomoda os Estados Unidos. “O grande problema são as decisões que o Brasil vem tomando nos últimos anos de afastamento dos Estados Unidos, mas principalmente de um jogo geopolítico que nós passamos a apoiar naqueles que são rivais hoje deles aqui nesse país”, afirmou o senador em entrevista ao programa Mercado Aberto, do UOL.
Ao comentar a justificativa de Trump, Viana foi enfático: “digo com muita clareza: a questão política do ex-presidente Bolsonaro é apenas uma parte desse assunto e foi usada como forma de se colocar esse tarifaço num primeiro momento”.
O senador criticou a postura estadunidense de evitar reconhecer esse desconforto com o avanço do BRICS. “Os Estados Unidos não vão aceitar publicamente que eles estão com medo e preocupados com o Brics.” Segundo ele, a real motivação das tarifas está no novo posicionamento do Brasil. “Mas o que está por trás de toda essa questão é exatamente a posição brasileira e o presidente como porta-voz de um Brics que hoje é uma ameaça aos Estados Unidos, inclusive às grandes empresas americanas”, ressaltou.
Viana também disse ter ouvido de integrantes do Partido Republicano, sob condição de sigilo, que o Brasil precisa rever sua estratégia internacional. “A questão política foi apenas uma desculpa, um ponto para se fazer uma carta, que é uma questão pessoal. E eu ouvi isso de estrategistas do Partido Republicano, que pediram confidencialidade, mas consegui conversar com três deles. E eles estão dizendo, com muita clareza: o Brasil precisa se realinhar, se reaproximar, mas principalmente definir essa questão da geopolítica”, afirmou o parlamentar.
Na avaliação do senador mineiro, o Brasil está posicionado no centro de uma disputa global entre Washington e Pequim. “Nós estamos no meio de uma guerra entre Estados Unidos e China e nós estamos enfrentando um iceberg. A questão política é só a ponta de toda essa relação. O problema está ali por baixo e que está agora com o presidente Lula de buscar um gesto de aproximação e nos colocar numa outra possibilidade de relação com os Estados Unidos., disse o parlamentar.
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