Embraer detalha plano para construir fábrica do cargueiro militar C-390 na Índia
Projeto da Embraer prevê produzir até 80 unidades do C-390 na Índia, com foco em exportações regionais e transferência de tecnologia
247 - Em meio às tensões comerciais entre Estados Unidos, Brasil e Índia, marcadas pela imposição de sobretaxas por parte do governo do presidente Donald Trump, a Embraer avançou em sua estratégia de internacionalização ao apresentar, nesta quinta-feira (7), a empresários indianos e norte-americanos, um ambicioso projeto de instalação de uma fábrica de aviões militares na Índia.
A proposta,segundo a Folha de S. Paulo, foi detalhada por Márcio Monteiro, vice-presidente da Embraer Defesa, e prevê a montagem do cargueiro militar C-390 Millennium em solo indiano. O plano está vinculado a um processo licitatório do governo da Índia para renovar sua frota de aeronaves de transporte médio. Segundo Monteiro, o projeto pode resultar na produção local de até 80 aeronaves, com alto grau de conteúdo nacional e transferência de tecnologia.
"Nós vamos, basicamente, ter uma fábrica de aviões da Embraer na Índia fazendo aviões C-390 Millennium, que, na nossa opinião, oferece uma combinação imbatível entre produto e o que a gente vai transferir de tecnologia e fazer de conteúdo local na Índia", afirmou Monteiro durante evento promovido pelo grupo Lide Empresarial, em Mumbai.
O cargueiro militar da Embraer, que já está em operação em países como Brasil, Hungria e Portugal, tem capacidade para transportar até 26 toneladas, superando outras aeronaves de médio porte no mercado. Segundo a fabricante, o C-390 voa mais rápido, mais longe e realiza diferentes tipos de missão: transporte e lançamento de tropas e cargas, evacuação médica, combate a incêndios, resgates e missões humanitárias. Ele também pode operar em pistas não preparadas, incluindo trechos de terra batida, cascalho e solo.
A aeronave conta com equipamento para reabastecimento em voo e está posicionada como uma das mais avançadas em sua categoria. Para viabilizar a nacionalização do modelo na Índia, a Embraer estabeleceu parceria com a Mahindra Defence Systems.
“Particularmente no ambiente geopolítico em que nos encontramos hoje, a preparação para a defesa é super importante para os países e está na prioridade das agendas. Para esse produto, temos uma parceria estabelecida com a Mahindra. Ela será a responsável pela nacionalização do nosso avião aqui na Índia”, declarou Monteiro. .
A aliança com a Mahindra foi formalizada em 2023 por meio de um memorando de entendimento voltado ao programa de cargueiros da Força Aérea Indiana. A cooperação visa não apenas atender à licitação, mas também transformar a Índia em um polo regional de exportação do modelo. “Nossa expectativa é que, tendo sucesso nessa empreitada, que a Índia seja um hub regional, ou seja, esses aviões vão atender não só o mercado da Índia como o da vizinhança na Ásia”, disse Monteiro, de acordo com a reportagem.
Em maio, a Embraer anunciou a criação de uma subsidiária no país, com sede em Nova Délhi. A operação reforça a presença da empresa em um mercado promissor, onde já opera 50 aeronaves de 11 modelos diferentes nos segmentos comercial, militar e executivo.
“Falando do potencial do mercado, recentemente, em uma cerimônia na embaixada em Delhi, nós celebramos a abertura de uma subsidiária, Embraer Índia. É uma entidade jurídica estabelecida, onde vamos desenvolver as capacidades de engenharia, aproveitar a mão de obra da Índia, que é muito qualificada, fazer compra de materiais aeronáuticos aqui, [...] fazer o suporte da frota local através desse escritório e o desenvolvimento de negócios”, destacou Monteiro.
Enquanto avança na Índia, a Embraer ainda enfrenta desafios no mercado norte-americano. Apesar de ter sido poupada da maior parte das medidas de sobretaxa anunciadas por Donald Trump em abril, a fabricante continua sendo afetada por uma tarifa de 10% sobre produtos brasileiros.
Em declaração recente, o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, informou que a empresa está empenhada em reverter a medida. A companhia busca diálogo com autoridades estadunidenses para que a alíquota volte a ser zero, como era anteriormente.
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