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Economista-chefe do BTG prevê déficit nominal de 8,5% do PIB em razão de taxa de juros muito alta

“O Brasil não pode ficar dez anos pagando 7% a 8% de juro real por ano, porque nenhum país consegue isso”, Mansueto Almeida

Mansueto fala durante entrevista à Reuters em Brasília (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – O Brasil deve encerrar a atual gestão com um déficit nominal em torno de 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB), alerta Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual. Em entrevista publicada pelo Valor Econômico nesta segunda-feira (10), Mansueto destacou a gravidade do cenário fiscal e a necessidade urgente de reformas estruturais para conter o crescimento da dívida pública.

Apesar de uma leve recuperação nas receitas do governo federal, o economista ressalta que as contas continuam no vermelho e que o elevado custo com juros impede a estabilização do endividamento. “A conta de juros é muito alta e não é possível enxergar em qual momento o endividamento se estabiliza e começa a cair”, afirmou.

Segundo ele, o déficit nominal de 2024 deve repetir os níveis de 2023, quando fechou em 8,8% do PIB. A expectativa do BTG é de que o resultado fique entre 8,2% e 8,4% no próximo ano, chegando a 8,5% ao fim do atual governo. “Isso talvez coloque o Brasil entre os cinco países do mundo com maior déficit nominal”, advertiu Mansueto, ao observar que esse desequilíbrio contribui diretamente para o crescimento da dívida como proporção do PIB.

O déficit primário projetado pelo banco é de R$ 75 bilhões neste ano, o que ainda permitiria o cumprimento da meta fiscal, considerando a margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB. No entanto, Mansueto enfatiza que o esforço não será suficiente se os juros reais permanecerem nos atuais patamares. “O Brasil não pode ficar dez anos pagando 7% a 8% de juro real por ano, porque nenhum país consegue isso”, declarou.

O economista também relembrou que reformas estruturais no Brasil são difíceis, mas necessárias. Mais da metade das despesas primárias — que devem alcançar R$ 2,4 trilhões em 2025 — estão vinculadas ao INSS, à previdência de servidores públicos e a programas assistenciais como o BPC e o LOAS. Todos esses gastos são indexados ao salário mínimo, o que gera crescimento real permanente da despesa.

Mansueto elogiou o atual momento de maior maturidade no debate fiscal entre Congresso e Executivo, mencionando a reunião realizada no domingo, 8 de junho, como sinal positivo. “A situação não está boa, mas precisamos aproveitar o momento da economia e do emprego para convencer a sociedade a sair da zona de conforto ou teremos um problema muito mais sério à frente”, alertou.

Ele ainda pontuou que os marcos regulatórios têm sustentado os investimentos em infraestrutura, o que é uma boa notícia. Contudo, advertiu que o mercado espera uma mudança estrutural para que os juros voltem a um dígito até 2027. Sem essa correção de rota, segundo o economista, o país enfrentará problemas econômicos mais graves nos próximos anos.

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