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Cosan lança oferta bilionária de ações com grande desconto e expõe acionistas minoritários

Oferta de R$ 11,8 bilhões garante entrada de BTG Pactual e Perfin, mas impõe forte diluição a investidores sem fôlego financeiro

Rubens Ometto (Foto: Alan Santos/PR)

247 – A Cosan anunciou uma megacapitalização que promete mexer com o mercado acionário brasileiro. Segundo reportagem do Brazil Stock Guide (leia aqui), assinada pelo jornalista André Vieira, a companhia vai emitir novas ações a R$ 5,00 — valor mais de 30% abaixo da cotação de mercado, que estava em torno de R$ 7,50. O objetivo oficial é reduzir a alavancagem financeira, mas o efeito imediato será uma das maiores diluições vistas no mercado de capitais do Brasil em anos.

A matemática é dura para os atuais acionistas: a base de 1,874 bilhão de ações poderá saltar para 3,874 bilhões caso todas as duas etapas da oferta sejam integralmente subscritas. Isso significa que quem não acompanhar a operação terá sua fatia praticamente cortada pela metade. Para investidores minoritários, sem capital disponível para participar, o risco é de se tornarem irrelevantes na estrutura acionária.

“O desconto profundo funciona como um chamariz”, destacou a publicação. Ele assegura a entrada de dois pesos pesados do mercado financeiro: o BTG Pactual, liderado por André Esteves, e a gestora Perfin, comandada por Ralph Rosenberg, ambos comprometidos com bilhões de reais.

O papel do controlador Rubens Ometto

Apesar da diluição agressiva, o controlador Rubens Ometto continuará no comando da companhia. Ele preserva essa posição graças ao direito de prioridade na segunda tranche da oferta. O desenho da operação, portanto, garante que o bloco de controle mantenha seu poder, enquanto os minoritários sem recursos para acompanhar ficam condenados a perder influência.

O movimento da Cosan traz um recado claro ao mercado: conglomerados alavancados só conseguem levantar recursos relevantes no mercado de capitais brasileiro quando oferecem concessões extremamente agressivas. A companhia escolheu sacrificar preço para ganhar fôlego — não apenas para reduzir sua dívida, mas também para atrair novos parceiros dispostos a dividir o peso da reestruturação.

O problema, segundo analistas, é que essa estratégia gera uma percepção negativa: a de que a empresa só consegue levantar capital em condições desfavoráveis para seus acionistas. “O corte de preço dá um ganho imediato aos novos investidores, mas às custas dos atuais”, aponta a análise publicada.

Para Ometto e seus aliados, trata-se de um custo administrável. Já para os minoritários, a “cura” pode acabar se mostrando pior do que a doença.

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