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Centrais sindicais reagem a tarifa de Trump e denunciam "crime de lesa-pátria" de Eduardo Bolsonaro

Lideranças trabalhistas criticam sobretaxa de 50% imposta pelos EUA e cobram cassação de Eduardo Bolsonaro por apoiar sanções contra o Brasil

(Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Guilherme Levorato avatar
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247 - As principais centrais sindicais do Brasil emitiram nesta quinta-feira (10) uma nota conjunta em repúdio à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras. A medida, segundo os sindicalistas, representa um ataque frontal à soberania nacional e à classe trabalhadora. 

Na avaliação das centrais, o "tarifaço" remete a um passado de interferência norte-americana nos rumos do Brasil, como no golpe militar de 1964, e estaria diretamente ligado a decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo empresas norte-americanas que operam no país. Para os dirigentes, a decisão da Casa Branca não é apenas um gesto de retaliação comercial, mas também um movimento político em aliança com o bolsonarismo, que "insiste em alimentar polarizações e estimular grupos de extrema-direita a traírem os interesses nacionais".

O comunicado das centrais alerta para as consequências socioeconômicas da medida, destacando o risco de demissões em massa, fechamento de empresas, inflação e instabilidade cambial. 

As lideranças sindicais manifestam apoio à resposta firme do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e celebram a aprovação da chamada Lei da Reciprocidade Econômica. Para os signatários da nota, o governo deve fazer uso de todos os instrumentos legais disponíveis para proteger a economia nacional e os empregos dos brasileiros.

Além das críticas à política comercial de Donald Trump, os sindicalistas cobram medidas contra o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se encontra nos Estados Unidos e teria atuado para incentivar sanções contra o próprio país. 

Apesar da contundência do posicionamento, a nota também defende uma solução negociada para o impasse, com base no diálogo e no multilateralismo.

Leia a nota na íntegra: 

Em defesa da soberania nacional e contra taxação intervencionista dos EUA

Nós, das centrais sindicais brasileiras, representantes de trabalhadoras e trabalhadores de diversos setores da economia, repudiamos o “tarifaço” de 50% sobre as exportações brasileiras, anunciado pelo governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump.

Essa medida intempestiva, que remete à memória sombria da participação dos EUA no golpe 1964, não passa de uma reação hostil às decisões do Supremo Tribunal Federal envolvendo empresas estadunidenses que atuam no Brasil. Trata-se, ainda, de um conluio com o bolsonarismo, que insiste em alimentar polarizações e estimular grupos de extrema-direita a traírem os interesses nacionais. 

Alertamos para os impactos devastadores que a sobretaxa pode causar à economia e à classe trabalhadora. Um aumento abrupto de 50% nas tarifas sobre nossas exportações — vindas de um país com o qual mantemos mais de 200 anos de relações comerciais — ameaça diretamente a indústria, o agronegócio e diversos setores produtivos, com risco real de demissões em massa, fechamento de empresas e agravamento do desemprego. A medida também tende a encarecer o custo da produção, pressionando a inflação e elevando o custo de vida. Há ainda o risco de instabilidade cambial.

Diante desse ataque à nossa soberania, apoiamos a resposta firme e altiva do governo federal, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e saudamos a recente aprovação da Lei da Reciprocidade Econômica. O governo deve utilizar todos os instrumentos legais para proteger nossa economia e o povo brasileiro.

É também necessário exigir a cassação do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro que, mesmo abrigado no exterior e recebendo salários pagos pela população brasileira, agiu como um verdadeiro agente estrangeiro ao fomentar sanções contra o próprio país. Isso configura crime de lesa-pátria.

Ao mesmo tempo, defendemos que o Brasil preserve e fortaleça suas relações internacionais, buscando uma solução pacífica, multilateral e justa. Confiamos que o governo saberá equilibrar firmeza e diplomacia para impedir a escalada de uma crise provocada pelo autoritarismo de Donald Trump.

Reafirmamos, por fim, nosso compromisso inegociável com a soberania nacional, com a legitimidade das instituições democráticas e com os direitos da classe trabalhadora. O Brasil é dos brasileiros — e somente ao povo, por meio de suas instituições, cabe decidir os rumos do país.

Pela soberania nacional, pela democracia e pelo emprego!

São Paulo, 10 de julho de 2025

Sérgio Nobre, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)

Miguel Torres, presidente da Força Sindical

Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)

Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)

Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)

Moacyr Tesch Auersvald, presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)

Nilza Pereira de Almeida, secretária geral da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora

José Gozze, presidente da Pública, Central do Servidor

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