Brasil amplia exportações para a China em setembro, mas perde espaço nos EUA
Vendas para o país asiático crescem 15% no mês, enquanto exportações para os Estados Unidos caem 20% sob impacto das tarifas impostas pelo governo Trump
247 – As exportações do Brasil para a China cresceram 15% em setembro de 2025, em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). No mesmo período, as vendas para os Estados Unidos caíram 20%, em meio ao endurecimento das tarifas impostas pelo governo do presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros. Entre os dez principais destinos das exportações nacionais, apenas o mercado americano apresentou retração.
De janeiro a setembro de 2025, as exportações brasileiras para a China somaram US$ 75,5 bilhões — uma queda leve de 1,3% em relação ao mesmo período de 2024. Ainda assim, o país asiático manteve-se como o principal destino das vendas externas do Brasil, com participação de 29,3%, quase o triplo da fatia dos Estados Unidos, que ficaram em segundo lugar com 11,3%. As exportações totais do Brasil cresceram 1,1% no acumulado do ano, enquanto as destinadas aos EUA recuaram 0,6%.
O Brasil registrou superávit de US$ 22 bilhões em sua balança comercial com a China nos nove primeiros meses de 2025. Já com os Estados Unidos, o país teve déficit de US$ 5,1 bilhões — quase quatro vezes maior que o verificado em 2024. A aplicação de sobretaxas por Washington sobre produtos brasileiros tem sido apontada como a principal causa do desequilíbrio.
As importações brasileiras com origem na China também cresceram 15,4% entre janeiro e setembro, ritmo superior ao aumento das compras externas totais do Brasil (8,2%) e das provenientes dos EUA (11,8%). A China respondeu por 25% das importações nacionais, à frente dos Estados Unidos, com 16%.
Exportações industriais e agropecuárias
A indústria de transformação foi o único setor a ampliar sua fatia nas exportações brasileiras no período, subindo para 20,8% e acumulando alta de 19,5% nas vendas, que chegaram a US$ 15,7 bilhões. Para os Estados Unidos, entretanto, o crescimento foi marginal, de apenas 0,4%.
A China absorveu metade das exportações agropecuárias do Brasil nos nove primeiros meses do ano, consolidando-se como o principal destino. A Espanha aparece distante em segundo lugar, com 4% de participação. No setor extrativo, o país asiático também liderou, com cerca de 50% das compras, seguido pelos EUA (7%).
Nas carnes, houve mudança significativa: a China caiu do primeiro para o quarto lugar entre os principais destinos da carne de frango, atrás de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Japão. Nas exportações de carne suína, o país asiático também perdeu posição, ficando em terceiro lugar, atrás de Filipinas e Japão.
Produtos e balanço comercial
As vendas de minério de ferro e petróleo ao mercado chinês caíram 11% e 9%, respectivamente, entre janeiro e setembro, enquanto a soja teve aumento de 2% no faturamento, impulsionado por um crescimento de 11% no volume embarcado. O destaque entre os produtos industriais foi o forte aumento das exportações de ferroligas, principalmente ferroníquel e ferronióbio, que subiram 49% em volume — o maior crescimento relativo entre os dez produtos mais vendidos à China.
A indústria de transformação respondeu por 99,6% das importações brasileiras vindas da China no período. Quando consideradas todas as importações do setor, a China aparece como principal fornecedora, com 27% de participação, seguida por Estados Unidos (15,8%) e Alemanha (5,6%).



