BCE mantém juros estáveis diante de economia resiliente e inflação controlada
Banco Central Europeu vê cenário de estabilidade mesmo com tarifas dos EUA e crise política na França
247 - O Banco Central Europeu (BCE) decidiu nesta quinta-feira (11) manter inalteradas as taxas de juros pela segunda reunião consecutiva, em meio à avaliação de que a inflação está controlada e a economia do bloco segue robusta. A informação foi divulgada pela Bloomberg, que destacou a manutenção da taxa de depósito em 2%, conforme previsão unânime dos analistas consultados pela agência.
Em comunicado oficial, o BCE ressaltou que “a inflação está atualmente em torno da meta de 2% no médio prazo e a avaliação do Conselho do BCE sobre as perspectivas inflacionárias permanece amplamente inalterada”. A instituição reiterou que continuará decidindo reunião a reunião, com base nos dados econômicos disponíveis.
Contexto internacional e pressões externas
A decisão ocorre em um momento de forte pressão externa, marcado pelas tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além de tensões geopolíticas e instabilidade política na França, que recentemente viu a queda de seu governo em meio a impopulares reformas orçamentárias.
Apesar desses fatores, a economia da zona do euro, composta por 20 países, tem demonstrado resiliência. O crescimento do PIB deve ser de 1,2% em 2025 e 1% em 2026, enquanto a inflação deve permanecer próxima da meta de 2%, segundo as projeções trimestrais divulgadas.
Projeções e cenários divergentes
As estimativas apontam para uma inflação de 1,7% em 2026, um leve ajuste em relação à previsão anterior de 1,6%. Já em 2027, os preços devem subir 1,9%, abaixo do projetado anteriormente. Essa perspectiva tem alimentado debates dentro do BCE: enquanto membros como o presidente do Banco Central da Lituânia, Gediminas Simkus, alertam para o risco de uma inflação persistentemente baixa, outros, como Isabel Schnabel, do conselho executivo, avaliam que os riscos ainda estão inclinados para o lado de uma pressão inflacionária maior, citando o aumento dos gastos em defesa e os atritos comerciais.
Comparação com os EUA
A decisão do BCE de pausar os cortes de juros coincide com a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) anuncie na próxima semana a primeira redução nas taxas de juros desde dezembro. O movimento do banco central americano reflete sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho, enquanto os dados de agosto devem confirmar uma aceleração da inflação ao consumidor, de 2,7% para 2,9% no período.
Crise política na França e impactos no mercado
A instabilidade política na França, onde Sebastien Lecornu assumiu como quinto primeiro-ministro em apenas dois anos, trouxe nova incerteza ao cenário europeu. Ainda assim, a confiança das empresas tem mostrado recuperação, e o longo ciclo de retração na indústria começa a dar sinais de reversão, mesmo diante do acordo comercial com os EUA que impôs tarifas de 15% sobre a maioria das exportações europeias.
Perspectiva
Com a inflação sob controle e a economia mantendo ritmo sólido, a estratégia do BCE de observar os próximos indicadores antes de adotar novos passos se consolida como linha central da política monetária. O pronunciamento da presidente Christine Lagarde, previsto para esta tarde em Frankfurt, deve dar mais detalhes sobre os próximos desafios e as perspectivas do bloco diante do cenário internacional.