HOME > COP30

Na COP, Cúpula dos Líderes foca em transição energética e 10 anos do Acordo de Paris

Segundo dia do encontro em Belém discute metas de energia limpa e balanço das promessas climáticas firmadas desde 2015

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

247 - O segundo dia da Cúpula dos Líderes da COP30, que acontece em Belém (PA), tem como foco principal o debate sobre a transição energética e os dez anos do Acordo de Paris, em meio à expectativa de novas metas globais para conter o aquecimento do planeta. O evento reúne 57 chefes de Estado e representantes de mais de 140 delegações, segundo o g1.

O primeiro dia foi marcado pelo lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), apresentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma das principais iniciativas diplomáticas do Brasil na cúpula. O fundo, que já conta com a adesão de 53 países, é considerado um marco no financiamento internacional para a conservação de florestas tropicais.

Fundo Florestas Tropicais para Sempre é destaque da COP30

Durante o lançamento, Lula destacou que o TFFF representa “uma iniciativa inédita” que recoloca os países do Sul Global no centro das soluções climáticas. “O fundo nasce para transformar florestas tropicais em infraestrutura viva da estabilidade climática global”, afirmou o presidente.

O TFFF é um mecanismo financeiro criado pelo Brasil que adota um modelo de investimento de renda fixa. Em vez de depender de doações, o fundo gera lucro a partir de aplicações seguras e sustentáveis. O rendimento será usado para remunerar países que preservam suas florestas, com prioridade para Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo.

A estrutura prevê a captação de cerca de R$ 625 bilhões (US$ 125 bilhões) por meio de aportes de países, fundações e emissão de títulos no mercado financeiro. A gestão também destina no mínimo 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades locais e proíbe investimentos em combustíveis fósseis.

Transição energética ganha protagonismo

Nesta sexta-feira, as discussões da Cúpula serão retomadas com uma sessão temática dedicada à transição energética. O objetivo é acelerar o abandono de combustíveis fósseis e ampliar o uso de fontes limpas, como solar, eólica e hidrelétrica.

“Esperamos ambição e caminhos concretos para a transição energética, como disse o presidente Lula na abertura, e também nas metas climáticas e no financiamento climático”, afirmou Alexandre Prado, líder de mudanças climáticas do WWF-Brasil.

Para o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, o debate é central. “Nada mais propício do que discutir como o mundo vai abandonando o uso dos combustíveis fósseis. É exatamente disso que se trata a transição energética”, afirmou.

Entre os compromissos em debate estão a meta de triplicar a capacidade global de energia renovável até 2030 e duplicar a eficiência energética. Também está em pauta o “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis” (Belém 4x), coalizão liderada por Brasil, Itália e Japão que pretende quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035.

Acordo de Paris completa uma década

A terceira sessão do dia faz um balanço dos dez anos do Acordo de Paris, assinado em 2015, que uniu quase todos os países na luta contra a crise climática. O objetivo central do tratado é manter o aquecimento global bem abaixo de 2°C e buscar esforços para limitá-lo a 1,5°C até o fim do século.

As chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) são o instrumento-chave desse acordo: planos nacionais que definem como cada país pretende reduzir emissões e se adaptar aos impactos do clima.

Para o próximo ciclo de metas, que se estende até 2035, o documento-base propõe mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano, com cinco eixos de atuação: reforçar, reequilibrar, redirecionar, reestruturar e reconfigurar o sistema financeiro climático global.

Participação internacional e simbolismo amazônico

Entre os líderes presentes estão Emmanuel Macron (França), Cyril Ramaphosa (África do Sul), Keir Starmer (Reino Unido), António Costa (Conselho Europeu), Jonas Gahr Støre (Noruega), William Ruto (Quênia), Andrew Holness (Jamaica) e Ursula von der Leyen (Comissão Europeia). O príncipe William representa o rei Charles III.

Entre as ausências notáveis estão o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o líder chinês Xi Jinping e o presidente argentino Javier Milei. A China enviou apenas uma delegação técnica, enquanto a Argentina optou por não participar.

Embora a Cúpula não tenha poder deliberativo, ela é vista como um “termômetro político” para medir o engajamento dos países antes das negociações formais da COP30. O evento é realizado pela Presidência brasileira da conferência, no Parque da Cidade, em Belém — a primeira vez que uma cúpula climática de líderes ocorre no coração da Amazônia, símbolo global da biodiversidade e da luta ambiental.

Artigos Relacionados