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Fundo para florestas atinge metade da meta global com novos aportes internacionais

Alemanha deve anunciar nesta sexta um novo compromisso financeiro. Meta do governo brasileiro é alcançar os US$ 10 bilhões até o fim de 2026

Fernando Haddad (Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda)

247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou que o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF), principal proposta brasileira para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), já superou a marca de 50% da meta de arrecadação de US$ 10 bilhões. Segundo ele, os compromissos firmados somam US$ 5,57 bilhões, o que representa um avanço expressivo no financiamento do fundo.

De acordo com informações publicadas pelo Valor Econômico, o anúncio foi feito nesta quinta-feira (6), durante o primeiro dia da Cúpula de Líderes da COP30. Entre os países que confirmaram aportes estão Noruega, Indonésia e França, além do Brasil, que já havia contribuído com US$ 1 bilhão em setembro. A Noruega prometeu mais US$ 3 bilhões, a Indonésia outros US$ 1 bilhão, e a França se comprometeu com € 500 milhões — cerca de US$ 557 milhões. Portugal também anunciou uma contribuição simbólica de € 1 milhão.

Alemanha deve aderir ao fundo

Haddad e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, informaram que a Alemanha deve anunciar nesta sexta-feira (7) um novo compromisso financeiro para o TFFF, embora o valor ainda não tenha sido divulgado. A meta do governo brasileiro é alcançar os US$ 10 bilhões até o fim de 2026, quando o Brasil encerrará sua presidência da COP. Contudo, autoridades acreditam que o montante poderá ser atingido ainda este ano, antecipando o cronograma.

“Pela primeira vez numa COP, um instrumento de solução ambiental pode efetivamente sair do papel”, afirmou Haddad, destacando o entusiasmo com o ritmo das negociações. O ministro acrescentou que “os aportes que conseguimos até então são muito auspiciosos”, reforçando a confiança no modelo proposto pelo governo.

Fundo busca alavancar investimentos privados

O subsecretário de Assuntos Econômicos e Fiscais do Ministério da Fazenda, João Paulo de Resende, explicou que o fundo só será operacional após o depósito efetivo dos US$ 10 bilhões. Esse valor inicial é considerado o mínimo necessário para abrir a conta e iniciar as operações do TFFF. A expectativa é que os recursos públicos sirvam como alavanca para investimentos privados, multiplicando o capital disponível.

A meta final é alcançar US$ 125 bilhões sob gestão, sendo US$ 25 bilhões provenientes de recursos públicos e o restante do setor privado. “Precisamos chegar entre US$ 20 bi e US$ 25 bi de recursos públicos para alavancar [US$ 125 bilhões em] recursos privados”, explicou Haddad.

Apoio global e novos parceiros

O embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, informou que 53 países já endossaram a declaração de apoio ao TFFF, lançada durante um almoço promovido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os signatários estão Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá, China, Emirados Árabes Unidos, Japão e a União Europeia.

O Reino Unido, por sua vez, se comprometeu a divulgar e apoiar a iniciativa. “Eles consideram a proposta original e pretendem apoiá-la”, destacou Haddad. O presidente Lula afirmou ainda que espera contar com a participação futura do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco do Brics), do Banco Africano de Desenvolvimento e de outras instituições financeiras regionais.

Modelo inovador de financiamento

Diferentemente de outros mecanismos ambientais, o TFFF não depende de doações. Os valores captados serão aplicados em títulos e ações dentro de um portfólio diversificado, garantindo retorno aos investidores. Parte dos lucros será revertida aos países com florestas tropicais, como o Brasil, para financiar políticas de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável.

Com os novos aportes e o engajamento crescente da comunidade internacional, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre se consolida como um dos pilares da política climática brasileira e um símbolo da busca por soluções sustentáveis no combate ao aquecimento global.

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