Lula cobra ação imediata na ONU e aponta COP30 em Belém como “a COP da verdade”
Em discurso na Assembleia Geral da ONU, presidente defende justiça climática, anuncia Fundo Florestas Tropicais e pede criação de conselho climático
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou nesta terça-feira (23) a tribuna da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, para reforçar a urgência no combate à crise climática. Segundo reportagem da Rádio Gov, Lula destacou que a mudança do clima deve ser tratada como a prioridade máxima da agenda internacional.
Em um discurso carregado de críticas e alertas, o presidente afirmou que o mundo não está preparado para enfrentar os impactos ambientais com os recursos atuais. “Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado”, declarou.
Lula cobrou um compromisso real e imediato de todos os países e criticou a falta de clareza sobre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que definem as metas de cada nação para redução de emissões. “Sem ter o quadro completo das NDCs, caminharemos de olhos vendados para o abismo. Nações em desenvolvimento enfrentam a mudança do clima ao mesmo tempo em que lutam contra outros desafios”, disse.
Ao tratar da 30ª Conferência do Clima (COP30), marcada para novembro em Belém do Pará, o presidente classificou o encontro como um momento crucial para os rumos do planeta. “A COP30, em Belém, será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta”, afirmou.
Lula também reforçou a defesa da justiça climática e criticou a desigualdade histórica no uso de recursos naturais. Ele lembrou que o Brasil assumiu a meta de reduzir entre 59% e 67% suas emissões de gases de efeito estufa, abrangendo todos os setores da economia. “Enquanto isso, países ricos usufruem de padrão de vida obtido às custas de duzentos anos de emissões. Exigir maior ambição e maior acesso a recursos e tecnologias não é uma questão de caridade, mas de justiça”, pontuou.
O presidente ressaltou ainda os avanços no combate ao desmatamento da Amazônia. “O Brasil já reduziu pela metade o desmatamento na região nos últimos dois anos. Erradicá-lo requer garantir condições dignas de vida para seus milhões de habitantes”, afirmou. Lula destacou que, durante a COP30, o mundo conhecerá de perto a realidade amazônica.
Entre as propostas apresentadas, está a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, voltado a remunerar países que preservam suas florestas. “A corrida por minerais críticos, essenciais para a transição energética, não pode reproduzir a lógica predatória que marcou os últimos séculos. Fomentar o desenvolvimento sustentável é o objetivo do Fundo Florestas Tropicais para Sempre”, explicou.
Para concluir, Lula defendeu a criação de um Conselho vinculado à Assembleia Geral da ONU, com legitimidade para monitorar os compromissos assumidos pelos países. “É chegado o momento de passar da fase de negociação para a etapa de implementação. É necessário trazer o combate à mudança do clima para o coração da ONU”, disse.
O governo brasileiro aposta que a COP30 será um divisor de águas no enfrentamento ao aquecimento global, pressionando as nações a transformar promessas em ações concretas.