TV 247 logo
      HOME > COP30

      América Latina pode liderar justiça do clima no mundo, defende André Corrêa do Lago

      Presidente da COP30 afirma que evento será vitrine para desenvolvimento com justiça climática

      Em carta, André Corrêa do Lago, presidente da COP30, convoca o mundo para mais engajamento contra a mudança do clima e apresenta prioridades da Conferência que acontece no Brasil, em novembro (Foto: Gabriel Della Giustina /Redes COP30)
      Redação Brasil 247 avatar
      Conteúdo postado por:

      247 - Durante a II Cúpula Parlamentar de Mudança Climática e Transição Justa da América Latina e do Caribe, realizada nesta quarta-feira (6) no Congresso Nacional, o embaixador e presidente da COP30, André Corrêa do Lago, reforçou o papel estratégico dos parlamentares na agenda climática global.

      Em sua fala, Corrêa do Lago destacou que a transição energética e ecológica precisa estar conectada ao desenvolvimento social. “Se não for uma transição justa, na Europa os eleitores votam contra o aumento do preço da energia. Nos países em desenvolvimento, a eliminação de atividades que geram emprego pode ser mal interpretada. Portanto, não podemos permitir que a agenda climática seja vista como negativa do ponto de vista social. Ela tem que estar ligada ao crescimento, à criação de empregos e à melhoria de vida das populações”, afirmou.

      O presidente da COP30 listou três prioridades do governo brasileiro para a conferência da ONU sobre o clima, que será realizada em 2025, em Belém: fortalecer o multilateralismo, traduzir os resultados da conferência para a sociedade e ampliar soluções climáticas concretas, com foco em adaptação. “O multilateralismo é a democracia internacional. Queremos que as decisões da COP30 sejam compreendidas pela população, pelo setor privado e pelos governos locais, mostrando seu impacto real”, disse.

      Corrêa do Lago apresentou ainda a estrutura inovadora da COP30, que contará com uma Agenda de Ação paralela às negociações oficiais, reunindo mais de 350 eventos com participação de governos subnacionais, empresas, universidades e sociedade civil. “Essa agenda dará um dinamismo extraordinário à COP, mostrando que já existem soluções para muitos dos desafios do clima. Os parlamentares têm um papel essencial nesse processo”, afirmou.

      Outro destaque da preparação brasileira para a COP30 são os quatro círculos de discussão organizados pela presidência: ex-líderes de COPs, povos indígenas e comunidades tradicionais, ministros da Fazenda, além de um Balanço Ético Global com lideranças religiosas e intelectuais. Segundo o embaixador, o objetivo é envolver diversos setores para responder à urgência climática. “Precisamos de um esforço coletivo para enfrentar a crise do clima, que avança mais rápido do que o esperado”, alertou.

      Ao receber a Carta dos Parlamentares da América Latina e do Caribe — documento com propostas legislativas para fortalecer a ação climática —, Corrêa do Lago defendeu que o momento agora é de implementação. “Temos 30 anos de legislação climática acumulada. Agora, é hora de agir. A COP30 será o momento de ajustar os instrumentos e acelerar a implementação”, disse, convidando os presentes para a conferência “no coração da Amazônia”.

      Para viabilizar a presença de todos os países em Belém, o embaixador também revelou que a Secretaria Extraordinária para a COP30 (SECOP) já garantiu hospedagens a preços acessíveis para representantes de nações com menor renda e ilhas vulneráveis. “Estamos falando de mais de 70 países que recebem uma diária muito baixa e que ainda acham caro. Mas estamos trabalhando e vamos conseguir garantir a participação de todos”, assegurou.

      Durante a Cúpula, parlamentares e autoridades internacionais reforçaram a importância do engajamento político nos esforços climáticos. O senador Jaques Wagner (PT-BA) ressaltou que a América Latina e o Caribe têm sofrido os efeitos mais severos da crise, mas também concentram soluções. “Reduzimos em 50% o desmatamento da Amazônia em dois anos e apresentamos uma NDC ambiciosa, com meta de cortar 67% das emissões até 2035”, afirmou. Ele ainda cobrou maior compromisso financeiro dos países desenvolvidos, lembrando que, apesar da meta global ser de US$ 300 bilhões anuais, as necessidades reais somam US$ 1,3 trilhão até 2035.

      O colombiano Javier Medina Vásquez, secretário executivo adjunto da CEPAL, elogiou a liderança regional e destacou o papel dos legisladores na materialização de compromissos multilaterais. “O Observatório Parlamentar de Mudança Climática é um exemplo de como os legisladores podem transformar compromissos internacionais em leis nacionais”, disse. Ele também apontou a COP30 como um marco para fortalecer economias verdes, capazes de gerar empregos e combater desigualdades.

      A Cúpula Parlamentar segue até esta quinta-feira (7) com debates sobre justiça ambiental, financiamento climático e integração regional. A expectativa dos organizadores é de que os legisladores da América Latina e do Caribe consolidem um legado propositivo e ambicioso para a COP30, reafirmando o protagonismo do Sul Global na luta por justiça climática.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Relacionados

      Carregando anúncios...
      Carregando anúncios...