União Brasil e PP estabelecem prazo de 30 dias para deixar governo Lula e garantir emendas
Partidos visam concluir a execução de emendas parlamentares e acordos com prefeitos e parlamentares
247 - O União Brasil e o PP estabeleceram um prazo de até 30 dias para formalizar sua saída do governo Lula (PT), conforme anunciado na terça-feira (2). A decisão amplifica a pressão para que os ministros Celso Sabino, do Turismo, e André Fufuca, dos Esportes, deixem suas respectivas pastas. No entanto, a mudança não será imediata. Segundo fontes próximas ao presidente do União, Antonio Rueda, e ao presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PP-PI), a estratégia é assegurar que todos os compromissos e emendas em andamento sejam devidamente concluídos antes da ruptura formal, informa Malu Gaspar, do jornal O Globo. A medida visa garantir que os ministérios possam liquidar valores ainda em processamento e que acordos com parlamentares e lideranças regionais, como prefeitos, sejam cumpridos.
O União Brasil e o PP, que já haviam anunciado a formação de uma federação, a ser registrada na Justiça, seguirão com a transição de forma planejada. "Resolver algumas coisas, acertar uns empenhos", afirmou um integrante da cúpula da federação, ao destacar que o movimento foi planejado há meses, mas foi antecipado após críticas do presidente Lula ao líder do União Brasil, Antonio Rueda, durante uma reunião ministerial. A saída também ocorre após a cobrança do presidente por um maior apoio dos ministros ligados ao Centrão. A definição final das siglas, que inicialmente deveria ocorrer apenas em 2024, foi acelerada. Até então, os partidos pretendiam postergar o anúncio de sua ruptura com o governo, o que ampliaria seu tempo de influência sobre a administração pública.
Em 2024, a pasta do Turismo recebeu R$ 850 milhões em emendas parlamentares, enquanto a do Esporte obteve R$ 1,3 bilhão, recursos que são significativamente superiores ao orçamento inicial previsto para as duas áreas no orçamento deste ano, de cerca de R$ 3,1 milhões. A estratégia dos partidos, portanto, é garantir que esses recursos sejam devidamente empenhados antes de uma mudança de comando. Caso os ministros abandonassem suas funções imediatamente ou fossem afastados, não haveria tempo suficiente para o fechamento das pendências financeiras. "A ordem do dia é assegurar a arrumação da casa, destinar os recursos empenhados e manter os acordos em aberto", explicou uma fonte envolvida no processo.
O movimento, que já estava sendo discutido há algum tempo, foi intensificado após a divulgação de críticas do presidente Lula ao União Brasil e à falta de apoio de seus ministros. Até então, Sabino e Fufuca, que almejam candidatar-se ao Senado em 2026, preferiam adiar o rompimento para manter seus cargos e apoio político, especialmente no contexto de uma possível reeleição do atual presidente.
Outro ponto relevante na articulação dos dois partidos envolve as indicações de nomes para estatais. O PP, por exemplo, mantém a presidência da Caixa Econômica Federal com Carlos Vieira, embora essa nomeação seja frequentemente atribuída a Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara dos Deputados. A resolução quanto a essas nomeações também deve ser tratada no contexto do desembarque dos partidos do governo.
A decisão de romper com o governo Lula também tem relação com o início do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). A federação entre o União Brasil e o PP está, de certa forma, atrelada à figura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é visto como um potencial sucessor de Bolsonaro, que está inelegível até 2030.