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Trump "dobra a aposta" e "atira para todos os lados" em guerra comercial contra o Brasil, avalia governo Lula

Movimentos do governo dos EUA reforçam caráter político da tarifa contra o Brasil. Casa Branca mantém silêncio hostil diante de tentativas de negociação

Bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos (Foto: Reuters/Evelyn Hockstein)
Guilherme Levorato avatar
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247 - O governo brasileiro interpreta a abertura de uma investigação comercial por parte dos Estados Unidos como um claro sinal de que o presidente Donald Trump está disposto a “dobrar a aposta” contra o Brasil. Segundo avaliação de integrantes da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), trata-se de um movimento que eleva a tensão diplomática e sinaliza imprevisibilidade total nas relações bilaterais, informa Renata Agostini, do jornal O Globo.

Desde o anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com previsão de entrada em vigor em agosto, o Palácio do Planalto afirma não ter recebido qualquer gesto concreto da Casa Branca indicando disposição para iniciar um diálogo. O silêncio norte-americano é percebido como hostil — especialmente considerando que os EUA historicamente registram superávit na balança comercial com o Brasil e que a tarifa média de importação brasileira gira em torno de 2,7%.

Além disso, integrantes do governo Lula observam que a imposição de tarifas tão elevadas pode se mostrar contraproducente para os próprios Estados Unidos. Se a taxa de 50% entrar em vigor, tornando os insumos brasileiros inviáveis, os americanos terão que recorrer à China, afirmou uma fonte, lembrando a rivalidade geopolítica entre Washington e Pequim.

A frieza dos dados, contudo, não tem bastado para prever os próximos passos do governo norte-americano. Trump, que inicialmente justificou a taxação por uma suposta perseguição judicial a Jair Bolsonaro (PL), posteriormente afirmou que a medida foi tomada porque ele “pode”. Para o governo brasileiro, essa instabilidade de discurso dificulta qualquer tentativa de antecipar ações e construir uma estratégia eficaz de resposta.

Um ministro afirmou que, com a abertura da investigação — baseada na seção 301 de uma legislação americana dos anos 1970 —, Trump parece “atirar para todos os lados”. A legislação em questão permite que os EUA investiguem práticas comerciais consideradas desleais por afetarem o comércio local.

O documento que fundamenta a abertura do processo é extenso e eclético: menciona desde o uso do Pix e a regulação de redes sociais no Brasil até questões ambientais, como o desmatamento ilegal, e problemas relacionados à corrupção. Para autoridades brasileiras, essa amplitude evidencia o caráter político da ofensiva.

Enquanto aguarda a publicação da ordem executiva que detalhará a nova taxação, o governo Lula tem intensificado o diálogo com o setor empresarial. A leitura predominante entre empresários é de que, se as tarifas forem aplicadas, os prejuízos serão vultosos e não há, no curto prazo, como redirecionar a produção para outros mercados com a mesma capacidade de absorção dos EUA.

Em meio à crise, empresas brasileiras e norte-americanas com atuação no Brasil têm sinalizado disposição para tentar sensibilizar a administração Trump. Companhias brasileiras se comprometeram a acionar seus parceiros nos Estados Unidos para destacar os impactos negativos da medida, enquanto representantes de firmas americanas também prometeram atuar junto ao governo norte-americano.

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