HOME > Brasil

Tarcísio articula com “quinto escalão” dos EUA e negociação será inútil, avalia Itamaraty

Encarregado de negócios da embaixada norte-americana tem influência quase nula junto à Casa Branca

Palácio do Itamaraty (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Paulo Emilio avatar
Conteúdo postado por:

247 - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem observado com desconfiança os movimentos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que busca interceder junto aos Estados Unidos contra a nova taxação de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente Donald Trump.

De acordo com a coluna da jornalista Tainá Falcão, da CNN Brasil, diplomatas diretamente envolvidos nas tratativas com Washington avaliam que a estratégia do governador paulista dificilmente terá êxito. Para eles, a atuação de Tarcísio está voltada a um canal de interlocução considerado irrelevante para questões comerciais: a embaixada dos EUA em Brasília, atualmente sem embaixador nomeado desde a saída de Elizabeth Bagley, aliada do Partido Democrata, em janeiro.

Desde então, a missão diplomática americana tem sido comandada interinamente por Gabriel Escobar, encarregado de negócios, cuja capacidade de interlocução com a Casa Branca é vista no Itamaraty como quase nula. Fontes do Ministério das Relações Exteriores o descrevem como alguém do “quinto escalão”, expressão semelhante à usada por Lula em 2002, quando ironizou Robert Zoellick, negociador dos EUA para a Alca, chamando-o de “sub do sub do sub”.

Na ocasião, Zoellick reagiu com sarcasmo à posição brasileira contrária ao bloco comercial, afirmando que o Brasil estaria reduzido a negociar com a Antártida, declaração que ficou marcada na história das relações bilaterais.

Apesar do ceticismo do governo federal, Escobar participa, nesta terça-feira (15), de uma reunião promovida por Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes com cerca de 15 empresários exportadores, na tentativa de demonstrar os impactos negativos da medida de Trump.

Entretanto, segundo a reportagem, auxiliares de Lula avaliam que Tarcísio tenta construir uma imagem equivocada de que Escobar teria acesso privilegiado a nomes de peso do governo norte-americano, como o secretário de Estado Marco Rubio. Segundo integrantes do Executivo, esse tipo de articulação paralela não apenas é inócua, como pode gerar ruídos diplomáticos desnecessários.

As negociações oficiais com os Estados Unidos estão sendo conduzidas desde abril pelo USTR (United States Trade Representative), representante comercial da Casa Branca. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também chefia o Ministério do Desenvolvimento, já encaminhou ao órgão uma proposta classificada como sigilosa, ainda sem resposta. Após consultar os setores afetados, Alckmin pretende apresentar uma nova iniciativa diplomática.

Ao comentar o encontro, Tarcísio disse que “sem dúvida” espera que Escobar repasse as informações ao presidente americano. “Da nossa parte, cabe mostrar ao encarregado de negócios o volume das transações, possíveis impactos negativos, que não são só aqui, são lá também [nos Estados Unidos], desenvolver o senso de urgência e pedir que as informações cheguem aos tomadores de decisão”, afirmou o governador.

❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Cortes 247

Relacionados

Carregando anúncios...
Carregando anúncios...