STF julga nesta terça militares ligados à tentativa de golpe
"Núcleo três” da trama golpista inclui os “kids pretos”
247 - A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (11) o julgamento de dez integrantes do chamado “núcleo três” da trama golpista, composto por nove militares — entre eles os conhecidos como kids pretos — e um policial federal. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo teria protagonizado as ações mais violentas e estruturadas da organização criminosa acusada de tentar um golpe de Estado.
De acordo com o jornal O Globo, o julgamento deve reforçar o entendimento do Supremo de que não se tratou apenas de “atos preparatórios”, como sustentam parte das defesas, mas de atos concretos de execução do plano. O relator, ministro Alexandre de Moraes, relacionou 13 ações consideradas “executórias” no processo que já condenou Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus, sendo duas delas atribuídas ao grupo militar.
Entre essas ações está o plano de sequestro do próprio Moraes, que teria sido iniciado e depois cancelado, batizado internamente de “Copa 2022”. Outra iniciativa envolvia a tentativa de pressionar o alto comando das Forças Armadas a aderir ao golpe, incluindo a divulgação da chamada “Carta ao Comandante do Exército Brasileiro”, redigida por oficiais da ativa.
Defesas alegam ausência de provas
Os advogados dos acusados afirmam que as provas apresentadas pela PGR não demonstram participação efetiva de seus clientes, alegando que as condutas não ultrapassaram o campo da cogitação. As mensagens trocadas entre os integrantes, de teor golpista, foram descritas pelas defesas como “desabafos” ou “bravatas”.
Réus e acusações
O réu de maior patente é o general da reserva Estevam Theophilo, então comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter), acusado de aceitar coordenar as forças terrestres para o golpe. O único civil do grupo é o policial federal Wladimir Soares, apontado como responsável por repassar informações sigilosas sobre a segurança do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Quatro outros réus — os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo e o próprio Soares — são acusados de atuar para “neutralizar autoridades centrais do regime democrático”.
A PGR sustenta, com base em dados de antenas de celular e mensagens trocadas no grupo “Copa 2022”, que Lima, Oliveira e Azevedo participaram do monitoramento de Alexandre de Moraes. No entanto, as defesas negam qualquer envolvimento. O advogado de Azevedo afirma que o tenente-coronel estava em Goiânia, comemorando aniversário no dia das supostas ações, e não em Brasília, como indicam os dados da acusação.
Próximos julgamentos
Até o momento, o STF já condenou 15 pessoas por participação na trama golpista: oito pertencentes ao chamado “núcleo crucial” — que inclui Jair Bolsonaro — e sete do grupo responsável por disseminar desinformação.
Em dezembro, o Supremo deverá julgar também os seis integrantes do “núcleo dois”, apontados como responsáveis por gerenciar as ações da organização criminosa.


