Silveira reage a críticas de Tarcísio à Enel e acusa linguagem "populista”
Ministro de Minas e Energia defende análise técnica de concessões e rebate falas do governador paulista sobre a distribuidora
247 - O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), criticou nesta quarta-feira (24) as declarações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre a Enel. Em entrevista durante a Liquid Gas Week, no Rio de Janeiro, Silveira afirmou, que espera não ver em Tarcísio um discurso de caráter populista.
“Prefiro acreditar que o governador Tarcísio não use esse linguajar, porque esse linguajar me parece muito mais populista do que o linguajar de homem público que quer fazer política de Estado”, disse o ministro. Ele ressaltou que decisões sobre concessões no setor elétrico devem ser guiadas por “critérios técnicos, objetivos”, sob análise da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e do TCU (Tribunal de Contas da União).
Tarcísio endurece contra a Enel
Na véspera, o governador paulista intensificou suas críticas à concessionária. Em reunião com prefeitos, afirmou que vai “lutar com todas as forças até o fim para varrer essa concessionária ruim do nosso Estado”. Tarcísio reclamou da resposta da Enel aos temporais que atingiram São Paulo e comparou o desempenho da empresa ao da CPFL, que teria conseguido restabelecer a energia a grande parte dos clientes em menos tempo.
O governador também questionou a possibilidade de prorrogação antecipada do contrato da Enel, atualmente em discussão no Ministério de Minas e Energia. “É impressionante que se debata ainda ou que alguém cogite a prorrogação antecipada do contrato da Enel. Isso não tem o menor cabimento”, declarou.
Pressão sobre a Aneel e reação da agência
As falas de Silveira ocorrem em meio a um embate recente com a Aneel. Em 16 de setembro, o ministro cobrou mais agilidade na análise das concessões e afirmou que não há espaço para “politicagem” no processo. A declaração provocou reação imediata do órgão regulador. O diretor Fernando Mosna retirou de pauta a renovação da Energisa Sergipe, destacando a independência da agência. Já o diretor-geral, Sandoval Feitosa, rejeitou o uso do termo. “Afinal de contas, a Aneel não é um órgão político. Se ela não é um órgão político, ela também não faz política e nem o termo pejorativo de politicagem”, disse.
Concessões em disputa
O governo federal planeja renovar 19 contratos de distribuidoras por mais 30 anos. A primeira assinatura ocorreu com a EDP Espírito Santo, e outras oito já receberam sinal verde para prorrogação. Entre as pendências está justamente o contrato da Enel São Paulo, alvo recorrente de críticas de Tarcísio e do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB).
Além da Enel, companhias como Light (RJ), Coelba (BA), CPFL Paulista (SP) e Equatorial Pará (PA) aguardam definição. Cabe à Aneel avaliar o desempenho de cada distribuidora e recomendar ou não a renovação dos contratos.
O que diz a Enel
Em nota, a Enel informou que restabeleceu a energia para 97% dos clientes afetados pelas fortes chuvas até a manhã de terça-feira (23.set). A concessionária destacou ter mobilizado mais de 1.300 equipes e reforçado sua estrutura operacional, com contratação de novos colaboradores, ampliação da frota de geradores e aumento das podas preventivas.
A empresa argumenta ainda que sua área de concessão em São Paulo apresenta densidade de consumidores muito superior à média nacional, o que dificultaria comparações com outras distribuidoras.