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Retomada do diálogo entre Lula e Trump abre espaço para reunião presencial

Presidentes conversaram por videoconferência abrindo e caminho para uma reunião presencial no fim do mês, durante a cúpula da Asean, na Malásia

Donald Trump e Lula (Foto: REUTERS)

A conversa virtual entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizada na manhã desta segunda-feira (6), marcou um importante passo para a reaproximação entre os dois países. O encontro, segundo o jornal O Globo, abre caminho para uma reunião presencial em território neutro, prevista para o fim do mês, na Malásia, durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

Ambiente controlado e cautela diplomática

De acordo com auxiliares do Planalto, a decisão de realizar um primeiro contato virtual foi estratégica. Lula quis evitar qualquer exposição pública antes de um eventual encontro cara a cara, permitindo que o diálogo ocorresse em um ambiente “controlado e de alto nível técnico”.

De acordo com a reportagem, participaram da videoconferência os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda) e Sidônio Palmeira (Comunicação Social), além do vice-presidente Geraldo Alckmin, titular da pasta de Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Tensões comerciais e sanções dos EUA

O diálogo ocorre em um contexto de forte tensão diplomática. Os Estados Unidos impuseram sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros e abriram uma investigação baseada na Seção 301 do código comercial americano, sob alegação de “práticas desleais”.

Entre os pontos contestados por Washington estão o uso do Pix — considerado uma distorção de mercado —, o desmatamento na Amazônia, o contrabando na região da Rua 25 de Março, subsídios ao etanol, políticas fiscais para big techs e casos de corrupção que teriam afetado empresas americanas.

Condições impostas por Trump e impasses judiciais

Durante discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, há duas semanas, Trump antecipou a disposição de “negociar com o Brasil”, mas impôs condições: pediu a suspensão do processo no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro (PL) e incluiu nomes de cidadãos brasileiros — entre eles o ministro Alexandre de Moraes — em uma lista de sanções.

Essas exigências complicam o avanço das tratativas, mas diplomatas avaliam que a retomada do diálogo é um passo necessário para conter a escalada da crise e reconstruir pontes entre os governos.

Diplomacia e busca por equilíbrio

Lula, contudo, tem enfatizado a importância do multilateralismo e do respeito à soberania nacional, posicionando o Brasil como um ator disposto a cooperar, mas sem abrir mão de sua autonomia. 

Expectativas para o encontro na Malásia

Caso se confirme, o encontro presencial entre Lula e Trump na Malásia pode se tornar o momento mais simbólico de reaproximação diplomática entre Brasília e Washington desde o início das sanções.

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