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      Presença de Eduardo Bolsonaro em hotel da comitiva da CNI causa mal-estar em empresários em Washington

      Deputado e Paulo Figueiredo foram vistos no mesmo hotel que delegação da indústria, gerando constrangimento em meio a negociações sobre tarifas com os EUA

      Eduardo Bolsonaro (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)
      Guilherme Paladino avatar
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      247 - A missão empresarial organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) a Washington, com cerca de 130 representantes do setor produtivo, foi marcada nesta semana por um episódio inesperado: a presença do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do comentarista político Paulo Figueiredo no mesmo hotel onde parte da delegação brasileira se hospedou.

      Segundo relatos obtidos pela coluna de Mariana Sanches do UOL, empresários descreveram a situação como de “desconforto” e até de “superconstrangimento”. Em grupos de mensagens, circularam especulações sobre quem teria convidado o parlamentar, já que a CNI informou não ter feito nenhum convite oficial.

      Na manhã de quarta-feira (3), Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo foram vistos conversando com um empresário no café do hotel. Em entrevista, Figueiredo alegou que um pequeno grupo de empreendedores havia convidado Eduardo para uma reunião restrita, mas não revelou os nomes.

      O mal-estar se deve ao fato de que o deputado, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem defendido em Washington a imposição de sanções contra o Brasil como forma de pressionar pela anistia do pai e de militares acusados de tentativa de golpe. A carta do presidente Donald Trump, que oficializou o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, ecoou argumentos usados pela dupla ao classificar os processos contra Bolsonaro como “caça às bruxas”.

      “Não foi ele quem criou o problema? Agora vai aparecer aqui para vender solução?”, disse, sob anonimato, um representante do setor industrial ouvido pelo UOL.

      “Queríamos fazer uma visita empresarial, não política”, disse Ricardo Alban, presidente da CNI, reiterando que a comitiva não convidou o deputado.

      Política trava negociação com os EUA

      Apesar dos esforços, a política dominou as reuniões que os empresários tiveram com autoridades norte-americanas. De acordo com o embaixador Roberto Azevêdo, consultor da CNI e ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, em todos os encontros a carta de Trump foi citada, e a questão do processo contra Jair Bolsonaro e as decisões do STF sobre as big techs foram tratadas como condicionantes para qualquer avanço.

      Para tentar destravar a pauta, a CNI apresentou aos americanos três áreas de interesse: mineração de terras-raras, cooperação em etanol e biocombustíveis para aviação, e atração de investimentos para data centers. Mas, segundo Azevêdo, os EUA não demonstraram prioridade em avançar no diálogo neste momento.

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