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Petrobras estuda retorno ao setor de etanol de milho

Estatal avalia aquisição e projeta parcerias estratégicas em biocombustíveis

Logo da Petrobras no Rio de Janeiro - 05/06/2025 (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

247 - A Petrobras está analisando a possibilidade de voltar ao setor de etanol, agora com foco na produção a partir do milho. Segundo apuração do Valor Econômico, a companhia estuda adquirir ainda este ano uma produtora do biocombustível, o que marcaria o retorno da estatal a um mercado do qual se retirou em meados da década passada, após vender ativos ligados ao segmento.

Em nota enviada ao jornal, a Petrobras confirmou que realiza “estudos e análises de possibilidades de negócios nos segmentos de bioprodutos, que incluem cadeias de etanol”. O plano estratégico da empresa para o período de 2025 a 2029 prevê investimentos no setor, “preferencialmente por meio de parcerias estratégicas minoritárias ou com controle compartilhado, com ‘players’ relevantes do setor”. Apesar do movimento, a estatal reforçou que ainda não há definição sobre a matéria-prima a ser utilizada.

Investimentos e contexto do setor

O mercado de etanol de milho tem atraído grandes aportes. Projetos em andamento somam R$ 23 bilhões, segundo levantamento do Valor no fim de agosto. A aposta nesse combustível reflete a expansão da demanda por alternativas à cana-de-açúcar e o reposicionamento de empresas de energia diante da transição energética.

O retorno da Petrobras ocorre em paralelo ao seu esforço para retomar espaço na distribuição de combustíveis. Desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a estatal tem sinalizado interesse em recompor presença nesse mercado, o que levantou especulações sobre fusões e aquisições. No entanto, a companhia nega negociações com a Raízen, joint venture entre Shell e Cosan, e também não confirma planos envolvendo a Vibra, ex-BR Distribuidora, privatizada no governo Jair Bolsonaro.

Disputa de mercado e entraves regulatórios

Embora a possibilidade de operações de M&A seja cogitada no setor, analistas apontam dificuldades jurídicas e concorrenciais para uma eventual entrada da Petrobras em distribuidoras já estabelecidas. No caso da Vibra, por exemplo, a aquisição exigiria oferta pela totalidade da empresa, avaliada em R$ 27,9 bilhões no pregão da última sexta-feira (5). Além disso, cláusulas de não-competição firmadas durante a privatização da BR Distribuidora impedem a Petrobras de atuar diretamente no mesmo mercado até 2029.

Enquanto isso, a estatal busca firmar acordos bilaterais com grandes consumidores, como o contrato firmado com a Vale para fornecimento de combustível marítimo com 24% de biodiesel. Também já demonstrou interesse em retornar ao mercado de gás de cozinha (GLP).

Pressão sobre o setor de combustíveis

As movimentações acontecem em um ambiente de forte pressão competitiva. Distribuidoras tradicionais, como Raízen, Vibra e Ipiranga — que juntas concentram 61,3% do mercado — enfrentam perda de participação para empresas envolvidas em práticas ilegais como adulteração de combustíveis e evasão fiscal. Na semana passada, operações conjuntas entre autoridades federais e estaduais atingiram esquemas bilionários de fraude e sonegação ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

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