Ministros do STF relatam "exaustão" e "perplexidade" durante voto de Fux a favor de Bolsonaro
"Foi um longo dia trágico", resumiu um ministro da Corte
247 - A longa sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) dedicada ao julgamento da trama golpista realizada na quarta-feira (10) deixou claro o clima de “exaustão” e “perplexidade” entre os ministros ao final da reunião. Segundo a jornalista Daniela Lima em sua coluna no UOL, os bastidores da Corte foram marcados por silêncio, irritação e cansaço ao longo do voto do ministro Luiz Fux, que se estendeu por cerca de 12 horas.
Durante sua manifestação, Fux contrariou precedentes que ele próprio havia firmado, enviou recados diretos a colegas — especialmente ao relator Alexandre de Moraes — e questionou o trabalho da Procuradoria-Geral da República (PGR). Um magistrado resumiu a sensação no plenário: "foi um longo dia trágico. A conclusão do voto dele desautoriza tudo o que ele mesmo fez em outras centenas de casos. A palavra que resume tudo é incoerência".
Pausas constantes e silêncio no plenário
Os bastidores revelam ainda que a sessão só conseguiu ser concluída em um único dia porque foram aceitos vários intervalos pedidos por Fux. Sem isso, o julgamento teria de ser interrompido.
"Se teve um gol ontem foi termos concluído o voto dele em um dia. Chegou uma hora que todo mundo passou a considerar que a coisa estava se arrastando para empurrar a conclusão do voto para o dia seguinte, mudando o cronograma do julgamento", afirmou um colega de Corte. Enquanto os demais ministros aguardavam na chamada “sala do lanche”, Fux recolhia-se a seu gabinete. O clima, segundo relatos, era de silêncio absoluto. "Chegou uma hora que se falava pouco, tamanho o espanto", disse um integrante do STF, de acordo com a reportagem.
Reações ao estilo fechado de Fux
O voto também foi marcado pela ausência de apartes, decisão tomada pelo próprio ministro e respeitada pelos demais. Para alguns, esse comportamento pode gerar respostas na sessão de hoje. "Ele não concedeu apartes a ninguém. Aliás, exigiu que fosse assim. E respeitamos. Foi tudo atípico ontem. Mas como ninguém falou durante o voto dele, pode ser que não concedam apartes a ele também. Está no regimento, quem vota decide se passa a palavra ou não", lembrou um magistrado.
Expectativas para os próximos passos
Nesta quinta-feira (11), a sessão de julgamento da trama golpista será retomada com a manifestação dos ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma da Corte. Fontes ouvidas pela reportagem dizem que os votos trarão contrapontos às teses de Fux, incluindo respostas diretas do ministro Alexandre de Moraes.
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