Mauro Vieira reage a ameaças dos EUA após condenação de Bolsonaro: "não podemos negociar nenhum milímetro"
O chanceler reforçou a independência do STF e disse que o ex-presidente deve cumprir sua pena mesmo com ataques dos EUA ao Brasil
247 - O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou em entrevista à CNN en Español nesta segunda-feira (15) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e terá de cumprir integralmente a pena imposta pela Justiça. Ao ser questionado sobre possíveis novas sanções dos Estados Unidos ao Brasil por conta da condenação de Bolsonaro, o chanceler disse que o país não deve recuar.
“Não há espaço para negociação sob pressão com relação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Quanto a isso não podemos negociar nenhum milímetro. Isso é algo que está nas mãos da Justiça, que já ditou sua sentença. Quanto a isso, não há nada que se possa fazer porque está estabelecido na Constituição Brasileira de 1988”, disse.
Posição do governo brasileiro
Vieira reforçou que o status jurídico do ex-presidente é definitivo e não pode ser flexibilizado. “Não há como negociar o status do ex-presidente da República. Ele está condenado e vai cumprir sua sentença. Quanto a isto, não há dúvidas. Não há nada que negociar”, declarou.
O chanceler também lembrou que os Três Poderes no Brasil são independentes e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tem qualquer possibilidade de interferir no caso. “Pedir que libere o ex-presidente por qualquer motivo que seja é uma interferência em temas internos e é algo impossível ao chefe de Estado, ao Lula, exercê-lo, porque os Três Poderes são independentes”, afirmou.
Reação dos Estados Unidos
Após a condenação de Bolsonaro, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou que Washington pode adotar novas sanções contra o Brasil nos próximos dias. “Haverá uma resposta dos EUA a isso, e é sobre isso que – teremos alguns anúncios na próxima semana ou mais sobre quais passos adicionais pretendemos tomar”, declarou.
Rubio também classificou o julgamento de Bolsonaro como “mais um capítulo de uma crescente campanha de opressão judicial”, mencionando medidas determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que atingiram empresas e cidadãos com ligações nos Estados Unidos.