Lula defende multilateralismo e alerta para urgência climática em cerimônia com novos embaixadores
Durante entrega de credenciais, presidente destaca reconstrução da política externa, compromisso climático e fortalecimento das relações internacionais
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil está plenamente reinserido no cenário internacional e reforçou o compromisso com o multilateralismo, a justiça climática e a integração entre os povos. As declarações foram dadas durante a cerimônia de entrega de credenciais a novos embaixadores e embaixadoras em Brasília, na segunda-feira, 20 de outubro de 2025. O discurso foi divulgado pelo site oficial do Palácio do Planalto.
Logo no início, o presidente pediu desculpas pela brevidade do evento, atribuindo a limitação do tempo à sua agenda. “Quero iniciar essa cerimônia (…) apresentando minhas mais sinceras desculpas a todos e a todas embaixadores e embaixadoras. Gostaria de dedicar a cada um de vocês o tempo que merecem”, afirmou.
Brasil de volta ao mundo
Lula destacou que uma das prioridades de seu terceiro mandato foi restaurar a presença internacional do Brasil. Segundo ele, essa retomada já se reflete no protagonismo diplomático e no número de viagens realizadas: “Viajei para 37 países, nos cinco continentes, neste meu terceiro mandato”.
O presidente citou que esteve no Japão, Vietnã e China no primeiro semestre de 2025 e que embarca agora para Indonésia e Malásia, onde participará da Cúpula da ASEAN. “É motivo de orgulho para o Brasil acolher um dos corpos diplomáticos mais numerosos e diversos do mundo”, afirmou.
África, cooperação e dívida histórica
O presidente reforçou o compromisso com o continente africano. Ele lembrou que participou da 37ª Cúpula da União Africana como convidado especial, em 2024, e que o Brasil sediou o Segundo Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar. “Temos com a África uma dívida que só pode ser paga em solidariedade, cooperação e transferência de tecnologia”, disse.
Clima, COP30 e responsabilidade global
Lula afirmou que a COP30, que será realizada em Belém, no Pará, será “a COP da verdade”. Ele alertou para a gravidade da crise climática: “O ano de 2024 foi o mais quente da história. As florestas tropicais estão sendo empurradas para seu ponto de não retorno”, disse.
O presidente cobrou responsabilidade das nações mais ricas no financiamento climático. “É preciso um compromisso real de financiamento por parte dos países que mais poluíram nos últimos duzentos anos”, declarou. Segundo ele, o valor necessário para viabilizar os meios de implementação chega a 1,3 trilhão de dólares. Lula também reafirmou a proposta brasileira de criar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que pretende remunerar países que preservam seus biomas.
G20, BRICS e integração regional
No discurso, Lula lembrou que o Brasil sediou as Cúpulas do G20 e do BRICS, no Rio de Janeiro, e ressaltou a inauguração do Mecanismo de Apoio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, na sede da FAO, em Roma. “Entre 2023 e 2025, o Brasil abriu seus braços para o mundo”, afirmou.
Sobre a América Latina, reforçou a necessidade de manter a região como zona de paz, denunciando interferências externas. “Intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretendia evitar”, disse.
Acordo Mercosul-União Europeia e defesa do comércio livre
Lula anunciou que pretende assinar, em dezembro, durante a Cúpula do Mercosul, o acordo entre o bloco e a União Europeia, que está em negociação há mais de 20 anos. Para o presidente, o tratado é um “símbolo contra o recrudescimento do protecionismo”.
Mensagem final aos diplomatas
Encerrando a cerimônia, Lula reforçou o espírito de acolhimento do Brasil. “Vocês serão tratados e terão atenção do Itamaraty como se fossem amigos nossos há muitos anos. Sejam bem-vindos ao Brasil”, concluiu.


