Lula critica ‘palpites’ de Trump e diz que ‘o mundo não pode dar certo sem respeito à soberania’
Presidente defende multilateralismo, critica ingerência internacional e pede respeito à democracia, inclusive por parte dos Estados Unidos
247 - Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, realizada nesta terça-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao que chamou de interferências indevidas em assuntos internos de outros países. Sem mencionar diretamente episódios recentes, Lula falou em “palpites” dados por líderes internacionais e reiterou que o mundo não pode prosperar sem o respeito à soberania das nações.
“Se passarmos a dar palpite sobre as coisas que acontecem nos outros países, estamos ferindo uma palavra mágica chamada ‘soberania’, que é o que faz a gente lutar e defender o nosso país”, declarou Lula, em um recado direto à Casa Branca. O presidente brasileiro também afirmou que o mundo está abandonando os princípios do multilateralismo, fundamentais para a paz e a cooperação internacional desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Defesa da democracia além do voto - Ao abordar o conceito de democracia, Lula afirmou que ele não pode ser reduzido apenas ao ato de votar. “Democracia não é apenas o direito de votar. É também o direito de votar, mas é também o direito de você corrigir o erro se você cometeu na votação”, disse.
O presidente argumentou que a participação cidadã precisa se estender ao acompanhamento do trabalho de representantes eleitos em todos os níveis: “É fiscalizar, saber o que faz um deputado, acompanhar a votação, você saber o que faz um senador, um governador, um prefeito, um vereador. Se a sociedade não tomar conta disso, a tendência natural é a política ficar cada dia pior, mais desacreditada”, alertou.
Multilateralismo sob ataque e crítica à atuação global de Trump - Lula destacou que o sistema multilateral, construído após 1945, tem sido gradualmente desmontado em favor de negociações bilaterais e interesses unilaterais. Segundo ele, esse processo compromete a ordem internacional. “Até ontem vivia na base do multilateralismo, que foi a melhor coisa criada depois da Segunda Guerra Mundial, [mas está sendo] destruído, para que se possa fazer a negociação individual entre países”, lamentou.
Em um trecho de forte simbolismo político, o presidente mencionou diretamente o chefe da Casa Branca. “Queria que o Trump pudesse ouvir o que o Isaac [Sidney, presidente da Febraban] falou. O que disse o Alckmin… Seria tão importante que a gente trabalhasse na verdade, somente na verdade e nada mais que a verdade”, afirmou, cobrando postura de respeito entre as nações e compromisso com valores democráticos.
Igualdade entre nações e o papel do Brasil - Lula também defendeu o princípio de igualdade entre os países no cenário internacional. Para ele, não importa o tamanho ou a população: todos devem ter o mesmo direito de representação em fóruns multilaterais. “Sabendo que todo mundo tem o mesmo direito, sabendo que uma ilha, por menor que ela seja, tem o mesmo voto que tem o maior país do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes, quando vai votar na ONU ou numa instituição multilateral”, exemplificou.
Ao final de sua fala, Lula reiterou seu compromisso com um Brasil soberano, democrático e ativo no cenário global: “É esse país que estamos querendo construir. E é esse país que quero entregar ao povo brasileiro”.
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