Lula afirma que tarifaço de Trump tem "pretexto eleitoral"
Presidente critica postura dos EUA e diz que Brasil merece respeito: “poderia ter ligado para mim ou para Alckmin”
247 - Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, nesta terça-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “pretexto eleitoral” o anúncio do tarifaço imposto aos produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em tom crítico, Lula afirmou que a decisão unilateral da Casa Branca fere a relação diplomática entre os dois países e poderia ter sido evitada por meio do diálogo.
“O presidente norte-americano não tinha o direito de anunciar as taxações como ele anunciou para o Brasil. Poderia ter pego o telefone, ligado para mim, para o Alckmin… Estaríamos aptos a conversar”, afirmou Lula, visivelmente incomodado com a ausência de interlocução. Para ele, o gesto de Trump teve motivação interna. “O pretexto da carta e da taxação não é nem político, é eleitoral”, declarou.
“Estamos cansados de ser um país de terceiro mundo” - O presidente também aproveitou o discurso para defender uma inserção internacional mais diversificada do Brasil. “O Brasil hoje não pode ficar dependendo de um único país. Queremos negociar desde o Uruguai, Paraguai, Argentina, Equador e Bolívia à China, Rússia, Estados Unidos e Índia”, disse. Segundo Lula, o objetivo do governo é ampliar parcerias e garantir desenvolvimento. “Nós queremos negociar, queremos vender, comprar. Nós queremos crescer, compartilhar as coisas neste mundo. Estamos cansados de ser um país de terceiro mundo, em vias de desenvolvimento”, enfatizou.
Crítica ao enfraquecimento do nacionalismo empresarial - Lula também demonstrou preocupação com o que considera uma perda do sentimento nacionalista entre empresários brasileiros. Para ele, o cenário atual é marcado por uma predominância de interesses mercantilistas. “Hoje tem pouco nacionalista no Brasil. Você não tem mais aqueles empresários nacionalistas, como você tinha nos anos 80, 70 e 60. [...] Hoje tem mais mercantilista do que nacionalista. Então defender o Brasil de hoje ficou muito mais complicado”, avaliou.
O presidente ainda criticou o comportamento de setores da sociedade que, segundo ele, adotam uma postura submissa diante de potências estrangeiras. “Tem gente que acha que a gente é vira-lata. Tem gente que não gosta de se respeitar”, disse.
“Ninguém me dá lição de negociação” - Ao comentar seu histórico de atuação política e sindical, Lula destacou sua experiência em processos de negociação, tanto com empresários brasileiros quanto com líderes internacionais. “Eu nasci na vida política negociando, nasci xingando empresários na porta de fábrica e almoçando com eles na mesa de um bar para fazer um acordo. [...] Eu respeito todos. Eu duvido que alguém tenha sido tratado com desrespeito por mim, mesmo os que me xingam. A única coisa que eu quero é ser tratado com respeito. Esse país merece respeito”, concluiu.
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