Luciana Santos alerta para impacto do tarifaço de Trump na ciência brasileira
Ministra afirma que sobretaxa dos EUA afeta setores estratégicos como biotecnologia e TI e defende medidas de reciprocidade e taxação das big techs
247 - A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB), demonstrou preocupação com os impactos da política tarifária adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. Em entrevista reproduzida pela Folha de S.Paulo, ela afirmou que o “tarifaço” promovido pela Casa Branca poderá comprometer áreas sensíveis da pesquisa nacional, como biotecnologia e tecnologia da informação.
“Esse tarifaço tem impacto direto e indireto, porque somos muito dependentes, de maneira geral, na área de biológicos, saúde. Na tecnologia da informação é muito relevante”, declarou a ministra, ressaltando a vulnerabilidade brasileira diante de uma cadeia global concentrada em países desenvolvidos.
Medidas em estudo e reação soberana - Luciana Santos afirmou que o governo está avaliando estratégias para contornar os prejuízos causados pela nova barreira comercial, inclusive com base em legislação aprovada pelo Congresso. “Estamos vendo dentro da lógica da lei da reciprocidade, que foi aprovada por unanimidade no Congresso”, disse. “Isso mostra que há um sentimento de reação soberana em relação ao ataque que nós estamos sofrendo".
A ministra sinalizou que entre as opções está a criação de medidas fiscais contra grandes empresas de tecnologia. Segundo ela, foi sugerido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que plataformas digitais multinacionais sejam incluídas na cobrança da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico).
“74% do nosso fundo [FNDCT] vem da Cide. E as big techs não são taxadas pela Cide”, criticou Luciana, sem confirmar se o presidente já tomou uma decisão a respeito.
Críticas à influência dos EUA e ao papel do clã Bolsonaro - A ministra também classificou como inadequada a tentativa do governo americano de intervir nos rumos da política nacional, sugerindo que os ataques estão relacionados ao protagonismo do bloco dos BRICS – que reúne Brasil, Rússia, Índia e China – na reconfiguração geopolítica internacional.
Nesse contexto, Luciana foi incisiva ao criticar Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados: “Agora, o papel do clã [Bolsonaro] é o mais vergonhoso que possa se ter. Os falsos patriotas, na figura do Eduardo Bolsonaro, que tenta salvar a pele do pai [Jair Bolsonaro]”.
Repercussões eleitorais e disputa na direita - A ministra também avaliou que a conjuntura internacional e os desdobramentos da crise entre os setores da direita devem influenciar positivamente o cenário eleitoral de 2026. Para ela, o desgaste e a fragmentação do campo conservador tendem a favorecer a base aliada do presidente Lula.
“Acho que há um impacto sim. Sempre que a direita se divide, ajuda nas eleições. E o governo Lula está fazendo muitas entregas”, afirmou.
Luciana Santos mencionou que a liderança do campo bolsonarista, agora órfã de seu principal nome – Jair Bolsonaro está inelegível –, está sendo disputada por diversos atores da direita, como os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ratinho Júnior (Paraná) e Ronaldo Caiado (Goiás), além do deputado Eduardo Bolsonaro.
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