Governo Lula entra em compasso de espera por resposta dos EUA para negociações sobre o tarifaço de Trump
Palácio do Planalto espera gesto da Casa Branca após tentativas frustradas de diálogo. Pressão por fim de processo contra Bolsonaro é cláusula inegociável
247 - Após diversas iniciativas para evitar as sobretaxas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considera que o próximo passo para viabilizar uma negociação precisa partir da Casa Branca, informa o jornal O Globo.
A avaliação no Palácio do Planalto é que o Brasil já demonstrou disposição para dialogar, mas apenas em torno de questões comerciais. Interlocutores do governo reforçam que não há margem para discutir temas da política interna nacional, especialmente o processo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro (PL).
Contatos reservados e resposta em preparação - Apesar da postura firme, canais diplomáticos seguem abertos. Existem tratativas reservadas entre representantes dos dois países. A diplomacia brasileira, em articulação com setores empresariais impactados pelas tarifas de até 50%, prepara uma resposta oficial aos questionamentos dos EUA, com previsão de entrega no próximo dia 18.
Entre os temas cobrados por Washington estão o acesso do etanol americano ao mercado brasileiro, a atuação contra a corrupção, o uso do sistema de pagamentos instantâneos PIX e a proteção à propriedade intelectual, sobretudo na área de medicamentos.
No entanto, até o momento, o governo dos EUA não deixou claro quais produtos ou setores estaria disposto a incluir numa eventual negociação bilateral. A única sinalização inequívoca, segundo fontes do Itamaraty, é a insistência americana na retirada das acusações contra Bolsonaro, o que o governo brasileiro trata como cláusula inegociável.
Reunião com o Tesouro americano é vista com otimismo - Um ponto positivo observado por Brasília é a reunião agendada entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, marcada para a próxima quarta-feira (13). O encontro deve ocorrer por videoconferência e pode sinalizar uma abertura para o diálogo institucional, mesmo em meio a tensões políticas.
A reunião foi confirmada mesmo após o ministro do STF, Alexandre de Moraes, decretar prisão domiciliar para Bolsonaro — medida que gerou reação pública do Departamento de Estado dos EUA. Em publicação nas redes sociais, o órgão criticou a decisão e voltou a apontar Moraes como suposto violador de direitos humanos, reforçando as sanções que já haviam sido impostas pela gestão Trump.
Haddad reconheceu que a aplicação da chamada Lei Magnitsky contra Moraes poderá estar entre os assuntos da conversa. Bessent, por sua vez, chegou a afirmar publicamente que Bolsonaro é alvo de uma “caça às bruxas” no Brasil.
Negociações estagnadas e expectativa por Jamieson Greer - Desde que o tarifaço foi anunciado, em 9 de julho, houve algumas iniciativas de alto nível para tentar abrir o diálogo. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) conversou com o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, e o chanceler Mauro Vieira viajou a Washington para reunião com o secretário de Estado, Marco Rubio. Ainda assim, não houve avanços concretos.
Para o governo brasileiro, a presença de Jamieson Greer, atual representante comercial dos Estados Unidos, é considerada essencial. Isso porque, tradicionalmente, é o chefe do USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA) quem conduz as negociações comerciais com parceiros internacionais.
A expectativa é que, com um gesto concreto da Casa Branca — que demonstre disposição real para tratar das questões comerciais e abandone exigências sobre o Judiciário brasileiro — o Brasil possa retomar um canal construtivo de diálogo e evitar danos às exportações nacionais.
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