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      Tarifas agressivas de Trump atingem grandes parceiros comerciais dos EUA

      Brasil, Índia e Canadá estão entre os mais afetados pelas novas taxas, que podem provocar inflação, desorganizar cadeias globais e elevar tensões políticas

      Presidente dos EUA, Donald Trump, dá detalhes sobre tarifas no Rose Garden da Casa Branca em Washington, D.C. (Foto: REUTERS/Carlos Barria)

      247 - As tarifas elevadas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra dezenas de países, incluindo grandes parceiros comerciais como Brasil, Índia, Canadá e Suíça, começaram a vigorar nesta quinta-feira (7). As alíquotas variam entre 10% e 50% e fazem parte de uma nova ofensiva tarifária de Trump, cujo objetivo declarado é reduzir o déficit comercial norte-americano e fortalecer a indústria nacional — mas a medida já provoca receios sobre impactos inflacionários e riscos às cadeias de suprimentos globais.

      Segundo reportagem da Reuters, as novas tarifas começaram a ser cobradas à 0h01 (horário da costa leste dos EUA) pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP), após semanas de expectativa sobre os percentuais finais e intensas negociações com diversos países que buscavam minimizar os impactos das medidas.

      Os produtos embarcados com destino aos EUA antes do prazo-limite poderão entrar no país com tarifas reduzidas, desde que cheguem até 5 de outubro. Porém, isso não ameniza os efeitos já sentidos por empresas e governos. O Brasil foi um dos mais atingidos: para seus produtos, Trump aplicou a tarifa máxima de 50%.

      Trump afirmou em sua rede Truth Social que as tarifas representarão uma vitória para os EUA: “A ÚNICA COISA QUE PODE IMPEDIR A GRANDEZA DA AMÉRICA SERIA UM TRIBUNAL DE ESQUERDA RADICAL QUE QUEIRA VER NOSSO PAÍS FRACASSO!”, escreveu o presidente, ao anunciar o início da cobrança das tarifas.

      Acordos parciais e exceções

      O governo dos EUA, no entanto, negociou acordos-quadro com oito grandes parceiros comerciais, que representam cerca de 40% do comércio norte-americano, para limitar as tarifas básicas a 15%. Estão nesse grupo a União Europeia, o Japão e a Coreia do Sul. O Reino Unido obteve uma tarifa de 10%, enquanto Vietnã, Indonésia, Paquistão e Filipinas garantiram taxas entre 19% e 20%.

      “Para esses países, as notícias são menos ruins”, avaliou William Reinsch, pesquisador sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington. Ele alerta, no entanto, para os impactos econômicos internos: “Haverá uma reorganização na cadeia de suprimentos. Haverá um novo equilíbrio. Os preços aqui vão subir, mas levará um tempo para que isso se manifeste de forma significativa”.

      Ainda segundo Reinsch, países como Índia e Canadá — que enfrentam tarifas elevadas — “continuarão se esforçando para tentar consertar isso”.

      Tarifa extra de 40% para transbordo

      A ordem executiva de Trump também estipula uma taxa adicional de 40% sobre mercadorias que tenham sido transbordadas por terceiros países numa tentativa de burlar as novas tarifas. No entanto, o governo ainda não esclareceu como identificará esses casos nem como aplicará essa disposição.

      Em um movimento paralelo, Trump também anunciou uma tarifa de 25% sobre produtos indianos, a ser imposta em 21 dias, em retaliação à compra de petróleo russo por Nova Délhi. A ameaça de sanções similares a outros países que se opuserem às medidas norte-americanas eleva o grau de tensão geopolítica.

      O governo indiano reagiu com firmeza. Classificou as críticas dos EUA como “injustas e irracionais” e justificou as importações de petróleo russo como uma “necessidade imposta pelas condições do mercado global”. Moscou também condenou as pressões norte-americanas, afirmando que se tratam de “ameaças” ilegítimas.

      Efeitos econômicos internos e globais

      Segundo o Atlantic Institute, as novas tarifas elevarão a média das taxas de importação dos EUA para cerca de 20% — o maior nível em cem anos. Quando Trump assumiu o cargo, essa média era de 2,5%.

      O Departamento de Comércio dos EUA já detecta efeitos nos preços internos. Em junho, os custos de móveis, eletrodomésticos duráveis, artigos de lazer e veículos automotores registraram alta.

      Empresas líderes como Caterpillar, Marriott, Molson Coors e Yum Brands relataram impactos diretos nas margens de lucro. Estimativas da Reuters indicam que o prejuízo total para as corporações globais neste trimestre pode ultrapassar US$ 15 bilhões.

      Apesar disso, Trump e seus aliados comemoram o aumento na arrecadação. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que as tarifas poderão gerar mais de US$ 300 bilhões anuais para os cofres federais.

      Setores estratégicos sob novas tarifas

      Além das tarifas generalizadas por país, a nova política tarifária inclui medidas setoriais baseadas em “segurança nacional”. Isso atinge semicondutores, automóveis, aço, alumínio, madeira, cobre e até produtos farmacêuticos — todos considerados sensíveis para o equilíbrio estratégico dos EUA. Trump chegou a declarar que tarifas sobre microchips podem atingir 100% no futuro próximo.

      A China, embora ainda esteja sob um regime tarifário à parte, poderá enfrentar novas tarifas em 12 de agosto, a depender dos resultados das negociações realizadas recentemente na Suécia. O presidente norte-americano também cogita aplicar sanções tarifárias à China pela continuidade das importações de petróleo russo.

      Reação dos mercados

      Curiosamente, os mercados financeiros ignoraram os efeitos imediatos da medida. As bolsas asiáticas operaram em alta ou próximas de níveis recordes, enquanto o dólar teve leve recuo.

      Especialistas alertam que os efeitos mais intensos da nova rodada tarifária ainda estão por vir, à medida que os países atingidos recalcularem suas estratégias de exportação, reajustarem cadeias de suprimentos e decidirem se adotarão retaliações comerciais.

      A escalada protecionista promovida por Trump marca uma nova fase de tensões comerciais e pode reconfigurar, com impactos de longo prazo, o panorama do comércio internacional. Países como o Brasil, que sofreram tarifas máximas, devem mobilizar suas diplomacias econômicas na tentativa de reverter ou ao menos mitigar os efeitos da medida.

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