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      Governo Lula aposta em pressão empresarial e negociação nos bastidores para barrar tarifaço de Trump

      Pressão de empresários norte-americanos sobre Trump e negociações por canais alternativos podem ser mais eficazes, avalia o governo brasileiro

      Donald Trump e Lula (Foto: Reuters | ABR)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Às vésperas da entrada em vigor do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governo do Brasil intensifica articulações discretas na tentativa de reverter a medida que pode comprometer bilhões em exportações. Segundo o g1, integrantes da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm conduzido conversas reservadas com autoridades e empresários norte-americanos, tanto em Brasília quanto em Washington, como estratégia paralela às tratativas diplomáticas formais, que até agora não obtiveram retorno da Casa Branca.

      A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros deve começar a valer em agosto e já provoca forte reação de setores da economia nacional. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta impacto severo: queda de R$ 52 bilhões nas exportações, redução de 0,16% no PIB e até 110 mil empregos perdidos.

      Sem respostas formais dos EUA - Os ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços informaram que já enviaram duas comunicações ao governo americano. No entanto, não houve retorno nem do secretário de Comércio, Howard Lutnik, nem do representante comercial da Casa Branca, Jamieson Greer.

      Diante desse impasse, diplomatas brasileiros relatam que os contatos informais ganharam força. A avaliação interna é que essas conversas, longe dos holofotes, podem ser mais produtivas do que encontros públicos e protocolares. A ideia é reabrir canais que permitam, futuramente, negociar a reversão do tarifaço.

      Em entrevista à Globonews, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou a aposta na via diplomática e disse que “já foram feitas mais de dez rodadas de negociações”. O chanceler reiterou que o Brasil ainda prefere o caminho do diálogo, mas ressaltou que o país dispõe de instrumentos legais para reagir, como a Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso e sancionada por Lula.

      Apesar disso, empresários brasileiros pediram ao Planalto que insista nas negociações, evitando uma escalada retaliatória que possa gerar ainda mais prejuízos econômicos.

      Pressão americana e falta de canal com Trump - Na terça-feira (22), segundo Valdo Cruz, do g1, Lula afirmou a interlocutores que não existe um canal de negociação direto com Donald Trump. O presidente brasileiro indicou que, embora haja diálogo entre diplomatas, as conversas não chegam à cúpula do governo americano. A esperança está na pressão dos empresários americanos que vão ser afetados pelo tarifaço, teria dito Lula, segundo relatos.

      Diante do cenário ainda indefinido, a expectativa imediata do Planalto é que o governo dos EUA adie a aplicação da medida, prevista para começar em nove dias. Caso contrário, o governo brasileiro estuda criar uma linha emergencial de crédito para socorrer empresas exportadoras mais afetadas. Entre lideranças do setor privado, o clima é de apreensão. 

      Ricupero: “não é olho por olho” - Em documento publicado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), o ex-embaixador Rubens Ricupero e a especialista em geopolítica Ariane Costa defendem que o Brasil adote uma postura estratégica e evite reações automáticas. O texto, intitulado “Brasil e Estados Unidos na Era Trump 2.0”, critica a lógica de retaliação direta e sugere alternativas como o fortalecimento de relações com a Europa e a Ásia, além da articulação com a Câmara Americana de Comércio no Brasil.

      “Reciprocidade não significa adotar uma lógica de ‘olho por olho’. O Brasil não está obrigado a reagir de forma automática nem no campo nem nos termos definidos pelo interlocutor”, afirmam os autores. Eles sugerem ainda que o Brasil atue ativamente na reforma da OMC, mantendo abertos e diversificados seus canais diplomáticos.

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