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      Governo Lula vê pouca chance de Trump recuar em tarifaço e estuda missão a Washington

      Itamaraty tenta negociar exceções antes da entrada em vigor das sobretaxas em 1º de agosto, mas aguarda resposta dos EUA desde maio

      Lula, à esq. (presidente da República), e Mauro Vieira (chanceler brasileiro) (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - A menos de dez dias da implementação das novas sobretaxas anunciadas pelos Estados Unidos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considera cada vez mais remota a possibilidade de um adiamento por parte da gestão do presidente americano, Donald Trump. Segundo o jornal O Globo, autoridades brasileiras e representantes do setor privado avaliam que a tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros deve mesmo entrar em vigor no dia 1º de agosto, conforme programado pela Casa Branca.

      Diante da iminência das medidas, o Palácio do Planalto estuda o envio de uma delegação oficial a Washington com o objetivo de retomar o diálogo com o governo norte-americano. A iniciativa ainda está em fase de avaliação, principalmente porque um grupo de senadores brasileiros já planeja visitar os EUA entre os dias 29 e 31 de julho com essa mesma pauta. Também pesa na decisão o tom adotado por Trump em relação ao Brasil, e o tratamento reservado que o país vem recebendo desde o anúncio das sobretaxas.

      Aguardando resposta - Apesar da urgência, o Brasil ainda não obteve resposta a uma carta enviada em 16 de maio, na qual solicitava a abertura de negociações com base em uma lista de produtos de interesse dos dois países. Segundo negociadores brasileiros, as conversas ocorrem de forma informal, sem uma sinalização concreta por parte da Casa Branca.

      Para que haja qualquer perspectiva de exceção à tarifa de 50%, os EUA precisariam indicar quais produtos brasileiros teriam prioridade para entrada no país sem sobretaxa, assim como apontar quais bens americanos poderiam ser favorecidos no mercado brasileiro. A cobrança por essa resposta voltou a ser feita pelo Itamaraty na semana passada, mas sem sucesso até agora.

      Enquanto isso, a estratégia conjunta do governo e da iniciativa privada se divide em dois eixos: de um lado, insistir nas tratativas bilaterais com os Estados Unidos, e de outro, mobilizar empresas americanas com investimentos ou dependência de insumos brasileiros para pressionarem o governo Trump a reconsiderar. Essa tática foi adotada com êxito por países como Canadá, México e membros da União Europeia.

      Retaliação está praticamente fora de cogitação - Uma retaliação comercial direta, com o aumento de tarifas a produtos americanos, é considerada improvável neste momento. Empresários brasileiros alertam para o impacto que isso teria nos custos de produção interna. No entanto, outras formas de retaliação estão em análise, como a cassação de patentes de medicamentos e o aumento de tributos sobre produtos culturais dos EUA, como filmes e livros.

      Fontes com trânsito em Washington avaliam que uma missão oficial brasileira aos EUA poderia ser decisiva para abrir os canais diplomáticos. Diversos países já adotaram esse caminho, preferindo o diálogo direto à espera por instruções formais ao USTR, o órgão americano responsável por negociações comerciais.

      Segundo dados de 2024, as exportações brasileiras aos Estados Unidos somaram US$ 40 bilhões, o que representa apenas 1,2% do total importado pelos americanos — que chegou a US$ 3,3 trilhões. Esse baixo percentual ajuda a explicar por que o Brasil tem enfrentado dificuldade em obter atenção prioritária de Washington.

      Lula e Trump em lados opostos - As divergências ideológicas entre os presidentes Lula e Trump também são um elemento que contribui para o esfriamento nas relações comerciais. O mandatário brasileiro tem criticado publicamente o protecionismo norte-americano e a postura de Washington em relação ao Judiciário brasileiro.

      Além disso, a atual gestão da Casa Branca tem manifestado apoio a Jair Bolsonaro (PL) e alega que há uma suposta perseguição política contra ele no Brasil, especialmente por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Como parte dessa retaliação simbólica, o Departamento de Estado suspendeu recentemente os vistos de Moraes, de outros ministros do STF e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

      Diante desse cenário, a perspectiva de um acordo se torna cada vez mais desafiadora para o governo brasileiro, que segue tentando reverter ou mitigar os efeitos do tarifaço com as poucas ferramentas diplomáticas e comerciais ainda à disposição.

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