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Flávio Bolsonaro diz que candidato da direita terá que garantir que o STF não derrube eventual indulto

Senador teme que, mesmo com indulto, a medida seja derrubada pela suprema corte

Flávio Bolsonaro (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Em entrevista publicada neste sábado (14) pela Folha de S.Paulo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) deixou claro que o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro a um nome da direita em 2026 dependerá da disposição desse candidato em conceder um indulto ao patriarca — e, mais do que isso, de garantir que o Supremo Tribunal Federal (STF) não venha a anular a medida. “Bolsonaro apoia alguém, esse candidato se elege, dá um indulto ou faz a composição com o Congresso para aprovar a anistia, em três meses isso está concretizado, aí vem o Supremo e fala: é inconstitucional, volta todo mundo para a cadeia. Isso não dá”, afirmou o senador.

Flávio retrata um cenário de conflito entre Poderes e insinua que o próximo presidente eleito pelo campo bolsonarista deverá estar pronto para confrontar o STF, inclusive “com disposição” para assegurar que uma eventual anistia ou indulto seja efetivada. Ainda que tenha negado qualquer ameaça, o parlamentar usou termos como “uso da força” e “interferência entre os Poderes” ao analisar possíveis desdobramentos jurídicos sobre a situação do pai. “Certamente o candidato que o presidente Bolsonaro vai apoiar vai ter que ter esse compromisso, sim”, disse.

A fala do senador reflete o desespero de um grupo político acuado pelo avanço das investigações e processos judiciais. Jair Bolsonaro é réu no STF por participação em uma tentativa de golpe e está inelegível até 2030. O temor de Flávio é que nem mesmo um perdão presidencial baste: seria necessário escolher um presidente comprometido em enfrentar — por meios não especificados — o que chama de “ditadura do Judiciário”. “Se continuar nessa toada, o Brasil não vai estar em uma democracia, porque é uma interferência direta de um Poder no outro”, argumentou.

Flávio ainda propôs uma anistia ampla, que incluiria o próprio ministro Alexandre de Moraes, a quem acusa de “atos de abuso de autoridade”. Segundo ele, essa seria uma “saída honrosa para todo mundo”, incluindo o Supremo, o Congresso e o próprio Bolsonaro. “Para mim, a anistia é a saída honrosa para todo mundo. Para o Supremo, para o Alexandre de Moraes e para o Congresso, que está sendo muito humilhado em todo esse processo por ter deixado de defender institucionalmente parlamentares”, declarou.

A entrevista também revela o grau de centralidade de Jair Bolsonaro nas decisões do campo da direita. Questionado se a família apoiaria uma chapa sem um Bolsonaro, Flávio respondeu com ironia: “Aí você tem que perguntar para o dono da franquia, que é o Bolsonaro, né? Ele é o dono da marca”. O senador, que reafirma sua intenção de disputar a reeleição, ainda sugere candidaturas de outros membros da família ao Senado, como a de Eduardo Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Sobre as especulações em torno de uma chapa presidencial com Michelle e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, Flávio demonstrou entusiasmo: “Pode ser de cima, de frente, de trás, de lado. É uma chapa imbatível, assim como qualquer outro candidato, Ratinho [Jr.], [Romeu] Zema, [Ronaldo] Caiado, todos esses vão ganhar do Lula.”

No entanto, por trás da aparente confiança, transparece a preocupação com o futuro político do clã Bolsonaro. O senador admite que o ex-presidente se sente isolado por aliados que desejam seu apoio, mas não assumem publicamente a defesa de sua elegibilidade. “Tem muita gente que gosta de pedir apoio, mas não quer ter o ônus de ombrear com ele nessa batalha de deixá-lo elegível novamente”, disse. E completou: “Tem muito oportunista? Tem um monte.”

A entrevista de Flávio Bolsonaro reforça que o projeto político do bolsonarismo para 2026 está condicionado à impunidade de seu líder maior. Mais do que ideias ou propostas, a principal exigência para qualquer candidatura à direita é garantir que Jair Bolsonaro não enfrente as consequências legais de seus atos. Trata-se, portanto, de um pacto pela sobrevivência política de um grupo que, mesmo afastado do Planalto, ainda acredita ter força para reconfigurar os limites da democracia brasileira.

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