Finep amplia investimentos em minerais estratégicos e prepara nova chamada pública para transição energética
Com demanda crescente e apoio recorde em 2023, instituição lançará edital de R$ 200 milhões em meio ao interesse dos EUA e à política de reindustrialização
247 - Em meio à escalada de interesse internacional por minerais estratégicos e ao recente tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Brasil avança na estruturação de uma política industrial voltada à transição energética. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) anunciou a ampliação de sua atuação no setor mineral e prepara o lançamento, ainda em 2025, de uma nova chamada pública para apoiar projetos com foco em minerais críticos.
Desde 2019, a Finep já contratou 171 iniciativas nessa área, totalizando R$ 1,4 bilhão. Apenas no ano passado, o volume de apoio foi recorde: R$ 659,8 milhões distribuídos em 41 projetos, utilizando crédito reembolsável com Taxa Referencial (TR), inferior à Selic, além de recursos não reembolsáveis destinados a empresas e instituições de pesquisa.
O investimento prioriza duas frentes principais: a promoção de pesquisas voltadas à exploração dos minerais e o fortalecimento do beneficiamento interno, com foco na agregação de valor à produção nacional. Apesar de o Brasil deter a segunda maior reserva de terras raras do planeta — atrás apenas da China —, grande parte do material extraído ainda é exportado em estado bruto.
“O Brasil precisa avançar na cadeia produtiva com tecnologias e produtos de maior valor agregado. A Finep tem apostado fortemente na transição energética e no papel essencial dos minerais críticos para viabilizar essa transformação. Esses minerais são estratégicos para o Brasil do ponto de vista tecnológico e geopolítico”, afirmou Luiz Elias, presidente da Finep.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a demanda global por cobre, lítio, níquel, cobalto, grafite e terras raras deve crescer mais de 80% até 2040. O governo federal tem apostado nesse cenário como eixo da reindustrialização proposta no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no âmbito da Nova Indústria Brasil (NIB) e da nova política nacional de mineração, ainda em fase final de elaboração.
Além dos aportes próprios, a Finep uniu esforços com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para lançar, em janeiro, uma chamada pública conjunta de R$ 5 bilhões. O edital atraiu grandes empresas como WEG e Stellantis, além de pequenas mineradoras e startups. Foram apresentadas 124 propostas que, somadas, superam os R$ 85 bilhões. Desses recursos, R$ 4 bilhões vieram do BNDES e R$ 1 bilhão da Finep.
“A gente tem a expectativa de que os projetos da chamada aumentem o nosso apoio em 2025, nos aproximando do valor contratado em 2024. Para 2026, esperamos um montante ainda maior”, disse Newton Hamatsu, superintendente de transição energética e infraestrutura da Finep.
A nova chamada prevista para este ano terá um valor inicial de R$ 200 milhões. O objetivo, segundo o diretor de inovação Elias Ramos, é fomentar iniciativas com alto grau de risco tecnológico. “A chamada conjunta com o BNDES mostrou a força e a diversidade da nossa base científica e industrial nesse setor. Para viabilizar os investimentos totais previstos nos projetos inscritos, planejamos lançar este ano uma nova chamada para apoiar projetos de elevado risco tecnológico.”
Apesar da pressão geopolítica, a Finep busca minimizar os impactos de decisões como o tarifaço norte-americano sobre o ritmo de investimentos no Brasil. “É natural que os Estados Unidos busquem ampliar parcerias com o Brasil nesse campo. Não acredito, porém, que as atuais sanções comerciais prejudiquem os investimentos brasileiros”, avaliou Hamatsu.
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