Ex-comandante da Marinha promete responder a todas as perguntas no interrogatório sobre trama golpista, diz defesa
Segundo o advogado Demóstenes Torres, Almir Garnier não exercerá direito ao silêncio durante depoimento no inquérito que investiga o plano golpista
247 - O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, prestará depoimento nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da investigação sobre uma suposta articulação golpista após o pleito presidencial de 2022. Segundo a CNN Brasil, o advogado Demóstenes Torres, que representa Garnier no processo, informou que ele responderá integralmente aos questionamentos formulados durante a audiência.
O advogado disse, ainda, que seu cliente está preparado para colaborar com o interrogatório e não fará uso da prerrogativa constitucional de permanecer calado. A sessão está marcada para começar às 9h. Embora seja réu na ação penal, Garnier possui o direito de exercer o silêncio e de não fornecer elementos que possam ser utilizados contra si próprio, conforme estabelece a Carta Magna brasileira.
O ex-comandante da Marinha será o primeiro dos acusados a ser ouvido nesta terça-feira. Durante o procedimento, ele será questionado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e pelos representantes legais dos demais envolvidos no processo.
O Supremo deu início na segunda-feira (9) aos interrogatórios dos integrantes do que a Corte denomina "núcleo crucial" da ação penal que examina a suposta tentativa de ruptura institucional. O primeiro a depor foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do de Jair Bolsonaro (PL), que atua como colaborador na investigação. Em seu testemunho, Cid corroborou perante o ministro Alexandre de Moraes as supostas intenções golpistas de Garnier, relatando tensões entre os comandantes militares da época.
"O general Freire Gomes tinha ficado muito chateado, porque o almirante Garnier tinha colocado as tropas da Marinha à disposição do presidente, mas que ele só poderia fazer alguma coisa com apoio do Exército. Então, o general Freire Gomes ficou chateado de terem transferido a responsabilidade para ele", declarou o delator durante o interrogatório.
Também foi ouvido na segunda-feira o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem. O atual deputado utilizou o momento do interrogatório para apresentar sua versão dos fatos. Ramagem refutou as acusações de que a Abin, durante sua gestão, tenha buscado comprometer a integridade das urnas eletrônicas. Além disso, negou que o órgão tenha sido empregado para realizar monitoramento de autoridades.
Conforme o ex-diretor-geral, a Polícia Federal teria interpretado de maneira equivocada informações sobre o sistema de geolocalização israelense First Mile em relatório oficial, estabelecendo conexões indevidas com o alegado plano de golpe de Estado no país.
A Primeira Turma do STF destinará toda esta semana para a realização dos interrogatórios. O cronograma prevê a oitiva de oito réus no total: Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; Alexandre Ramagem, deputado e ex-chefe da Abin; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Jair Bolsonaro, ex-presidente da República; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e companheiro de chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022.
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