Em reunião do PT, Lula saúda volta de José Dirceu e cita adversidades no Congresso: "campo minado"

247 - Durante discurso no 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o protagonismo histórico do PT nas disputas eleitorais brasileiras e defendeu a reconstrução interna da legenda. No mesmo evento, em que Edinho Silva tomou posse como novo presidente nacional do partido, Lula celebrou a presença de ex-dirigentes históricos — incluindo José Dirceu — e destacou os desafios impostos pela atual correlação de forças no Congresso Nacional, que descreveu como um “campo minado”.

“Se mantivermos hoje os sonhos que levaram a gente a criar o PT, a gente não estaria reclamando nunca do PT”, afirmou Lula, em defesa da trajetória do partido. Ele relembrou os resultados eleitorais desde 1989 para destacar a centralidade do PT no cenário político nacional: “Esse partido ou é o segundo ou é o primeiro. Isso é só para vocês terem noção do tamanho do partido que criamos".

Apesar das conquistas, Lula fez questão de reconhecer falhas e chamar atenção para a necessidade de autocrítica: “Se a gente não comentar os erros, a gente pode continuar cometendo esses erros.”

Ao saudar a presença de lideranças históricas como Delúbio Soares, João Vaccari Neto e José Dirceu — este último retornando à Direção Nacional do partido —, Lula ressaltou a importância de resgatar quadros que marcaram a fundação e consolidação do PT. “Acho extremamente importante a volta do José Dirceu para a Direção Nacional do PT. Acho que o companheiro Genoino deveria estar nessa também”, afirmou.

Em outro trecho, o presidente elogiou de forma enfática a ex-presidente da sigla Gleisi Hoffmann, classificando sua gestão como uma das melhores que o partido já teve, apesar das críticas iniciais. “Aqueles que discordavam da Gleisi ser a presidente hoje reconhecem que a Gleisi foi uma das melhores coisas que aconteceram na presidência do PT".

Lula também fez menção ao discurso de posse de Edinho Silva, dizendo que ele expressa “exatamente o que a maioria do nosso partido almeja” e brincou que, com tal discurso, “nem o Valter Pomar seria oposição a ele”.

Ao abordar a relação do governo com o Congresso, Lula adotou um tom realista. “Quando termina as eleições a gente tem a radiografia fiel do que foi as eleições. E nessa eleição nosso partido só elegeu 70 deputados de 513. É muita diferença. Se fôssemos bons como pensamos que somos, a gente teria eleito pelo menos uns 140 ou 150.” O presidente alertou para os limites da força política da esquerda: “De senadores, de 81 o PT só elegeu nove.”

A avaliação dos números, segundo Lula, exige estratégias pragmáticas para garantir governabilidade: “A arte da política é convencer quem não pensa igual a gente a votar nas coisas que mandamos. Muitas vezes vocês pensam que é derrota, mas a gente aprovar uma política tributária como aprovamos, num Congresso totalmente adverso… Com muita conversa, cedendo em muitas coisas".

O presidente ainda reforçou a importância do papel de seus líderes no Congresso, como José Guimarães, Randolfe Rodrigues e Jaques Wagner, que atuam diretamente na articulação política: “O campo que eles estão é um campo minado, de muita adversidade. Tudo tem que ser construído da forma mais civilizada possível".

Por fim, Lula demonstrou confiança na condução do novo governo: “Nós vamos fazer outra vez o melhor governo que esse país já teve".