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Congresso ensaia confronto com Supremo, mas sem reabilitar Bolsonaro

PEC da blindagem ganha espaço no Legislativo como forma de limitar o STF, enquanto o bolsonarismo perde apoio e caminha para o isolamento político

Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar, em Brasília - 14/08/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 – Às vésperas do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional se prepara para votar a chamada PEC da blindagem, que pode reduzir o alcance das investigações da Corte sobre parlamentares. A análise é do jornal Valor Econômico (23/08), que aponta este movimento como um divisor de águas na relação entre os três Poderes.

Apesar do tom de confronto com o Judiciário, não há clima político para aprovar uma anistia que beneficie os réus dos atos golpistas de 8 de janeiro, muito menos Bolsonaro. O Legislativo, pressionado pelo setor empresarial e por setores moderados da própria direita, busca encerrar o ciclo bolsonarista e abrir espaço para a construção de um nome competitivo contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.

Rejeição à anistia ampla e o isolamento do bolsonarismo

Parlamentares próximos a Bolsonaro, incluindo aliados de seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), não acreditam mais na possibilidade de frear o processo judicial contra o ex-presidente. A aposta majoritária é de que o Congresso não oferecerá uma saída de salvação. O bolsonarismo, cada vez mais associado ao passado, caminha para um isolamento político.

O que ainda circula nos bastidores é a ideia de uma anistia restrita, descrita por um articulador como “a separação entre o joio e o trigo”. Essa proposta, que havia perdido força, voltou à mesa diante da escalada de tensões entre o núcleo bolsonarista e o Centrão. Mesmo assim, não teria alcance para reabilitar Bolsonaro eleitoralmente.

Um recado ao Supremo

Cresce, entre os congressistas, a avaliação de que o Supremo precisa reduzir seu protagonismo. Essa visão se fortaleceu após o despacho do ministro Flávio Dino, que advertiu bancos brasileiros sobre os riscos de seguir determinações de Washington em relação a sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A PEC da blindagem seria, assim, um recado político direto ao STF, delimitando seu poder de interferir em processos contra parlamentares. O movimento, porém, não deve ser confundido com uma tentativa de salvar Bolsonaro: pelo contrário, consolida-se a percepção de que seu destino eleitoral já está selado.

O horizonte de 2026

Se a proposta prosperar, terá duplo efeito: afastar Bolsonaro de forma definitiva da corrida presidencial e reforçar o protagonismo do Congresso diante do Judiciário. O cenário aponta para 2026 com um bolsonarismo enfraquecido e um sistema político em busca de novos polos de oposição a Lula, mais moderados e competitivos.

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