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Câmara vota nesta quarta projeto contra adultização de crianças e adolescentes nas redes

Proposta impõe dever de cuidado às plataformas, prevê verificação de idade, controle parental e multas de até 10% do faturamento

Hugo Motta e Felca (Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados | Reprodução)

247 - A Câmara dos Deputados deve votar nesta quarta-feira (20) o projeto que cria regras para combater a adultização de crianças e adolescentes nas redes sociais, impondo às plataformas o “dever de cuidado” — obrigação jurídica de prevenir danos a terceiros e permitir responsabilização por omissão.

Na terça-feira, foi aprovado o regime de urgência em votação simbólica, com protestos da oposição pela falta de registro nominal dos votos

O que muda para as plataformas

Segundo reportagem do G1, empresas de tecnologia com produtos voltados a menores — ou acessados por eles — deverão adotar mecanismos para prevenir ou mitigar a exposição a conteúdos de:

  • exploração e abuso sexual

  • violência física, bullying virtual e assédio

  • incentivo à automutilação e a transtornos de saúde mental

  • jogos de azar, tabaco, álcool e drogas

  • publicidade enganosa

Entre as medidas obrigatórias estão:

  • avaliações de risco e oferta de ferramentas de controle parental

  • remoção imediata, após notificação, de conteúdos ilegais de abuso sexual infantil, mesmo sem ordem judicial

  • barreiras confiáveis de verificação de idade em sites pornográficos

  • proibição de perfis comportamentais de menores para fins publicitários

  • impedimento da venda de “loot boxes” em jogos eletrônicos direcionados a crianças e adolescentes

  • vinculação de perfis de menores às contas de seus responsáveis legais

Controle parental como padrão

As plataformas deverão ativar, por padrão, configurações que:

  • limitem a comunicação de terceiros com crianças e adolescentes

  • evitem o acesso de usuários não autorizados a dados pessoais do público infantojuvenil

  • limitem tempo de uso e recursos que estendam a permanência nos serviços

  • controlem sistemas de recomendação personalizados

  • restrinjam o compartilhamento de geolocalização

  • promovam educação midiática para uso seguro das mídias digitais

  • controlem ferramentas de inteligência artificial que não sejam estritamente necessárias ao funcionamento do serviço

Penalidades previstas

O descumprimento poderá gerar sanções cíveis, criminais e administrativas, como:

  • advertência com prazo para correção

  • multa de até 10% do faturamento ou até R$ 50 milhões por infração

  • suspensão temporária das atividades

  • proibição definitiva de funcionamento no Brasil

Os valores arrecadados serão destinados ao Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente.

Contexto político e social

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), classificou a proposta como tema central da semana e convocou uma comissão geral para esta quarta-feira a fim de debater o texto. A mobilização ganhou força após a prisão do influenciador Hytalo Santos, investigado por exploração e exposição de menores em vídeos nas redes sociais, caso revelado pelo influenciador Felca no dia 9.

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