Banco do Brasil ganha fôlego com pacote de renegociação de dívidas rurais
Programa de R$ 12 bilhões reduz risco de calotes e pode reequilibrar dividendos do banco estatal
247 - O Brazil Stock Guide destacou que o Banco do Brasil, responsável por quase um terço do crédito agrícola no país, será o principal beneficiado pela medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que libera R$ 12 bilhões do Tesouro para a renegociação de dívidas rurais. O programa surge como um alívio num momento em que a instituição vinha pressionada pelo aumento da inadimplência e pela necessidade de elevar provisões para perdas.
O aperto sobre o banco se intensificou após a entrada em vigor, em janeiro, da Resolução 4.966 do Banco Central, que obriga a reclassificação imediata como de alto risco dos empréstimos de clientes em recuperação judicial. Essa mudança regulatória elevou de forma significativa os custos do Banco do Brasil, já que parte relevante de sua carteira está concentrada no agronegócio, setor diretamente atingido por crises climáticas recentes.
Dividendos e impacto fiscal
O aumento da inadimplência já havia levado o governo a revisar para baixo a expectativa de dividendos do Banco do Brasil, reduzindo a receita que reforça os cofres da União. A aposta agora é que a renegociação alivie as provisões e estabilize os resultados, criando condições para que os repasses ao Tesouro sejam retomados em patamares mais consistentes.
Do ponto de vista fiscal, o pacote não fere o teto de gastos nem a meta de resultado primário, mas contribui para ampliar a dívida bruta do país, já que o Tesouro assume o custo dos subsídios ao crédito. Mesmo assim, o Planalto optou por limitar a operação a R$ 12 bilhões, em vez de avançar com o projeto aprovado pela Câmara em julho que previa até R$ 30 bilhões em financiamentos subsidiados.
Alívio para o campo e para o banco
Na prática, a medida concede mais tempo e condições de pagamento a agricultores familiares e grandes produtores, ao mesmo tempo em que diminui o risco de perdas para as instituições financeiras. Para o Banco do Brasil, representa não apenas a contenção da deterioração de sua carteira de crédito, mas também a chance de recompor margens e preservar seu papel estratégico no financiamento do agronegócio brasileiro.