Aviões supostamente ligados a Rueda ultrapassam R$ 60 milhões e teriam contador como proprietário formal
Quatro aeronaves atribuídas ao presidente do União Brasil aparecem em nome de empresas ligadas a Bruno Ferreira Vicente de Queiroz
247 - Os jatinhos que seriam supostamente ligados a Antônio Rueda, presidente do União Brasil, estão avaliados em pelo menos R$ 60,4 milhões, segundo registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), informa o Metrópoles.
Nesse contexto, Rueda está na mira da Polícia Federal dentro das apurações da Operação Tank, uma ramificação da Operação Carbono Oculto. A investigação foca na infiltração da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) em setores estratégicos como combustíveis e finanças.
Os documentos da Anac mostram que quatro aeronaves seriam vinculadas a Rueda, embora estejam registradas em nome de terceiros. Duas delas aparecem relacionadas ao contador Bruno Ferreira Vicente de Queiroz, de 37 anos, natural de Fortaleza e residente em São Paulo. Ele é o responsável por empresas que, formalmente, figuram como donas de parte dos aviões.
Empresas e registros em nome do contador
Entre as aeronaves destacadas estão um Cessna 560 XL, avaliado em R$ 12,5 milhões, e um Gulfstream PS-MRL, adquirido em junho de 2025 por US$ 4 milhões (cerca de R$ 21,2 milhões). O Cessna foi transferido em março para a empresa Magic Aviation, presidida por Queiroz, que também está à frente da Bariloche Participações S.A., companhia com capital social de R$ 110 milhões e sócios ligados ao setor de mineração.
Além disso, ele também figura como diretor da Rovaniemi Participações S.A., sediada em Fortaleza, atual proprietária do Gulfstream PS-MRL. Nos registros da Receita Federal, Bruno Queiroz aparece como dirigente ou sócio de pelo menos 15 empresas.
Operação de táxi aéreo e conexões investigadas
Outro ponto em comum é que as quatro aeronaves atribuídas a Rueda são operadas pela empresa Transportes Aéreos Piracicaba (TAP). Essa mesma companhia foi usada diversas vezes por Roberto Augusto Leme, conhecido como Beto Louco, empresário investigado por tráfico e supostas ligações com o PCC.
O Metrópoles informou que tentou contato com Bruno Ferreira Vicente de Queiroz, mas não obteve retorno. Já Rueda negou qualquer relação com as aeronaves e com os fatos apurados. “Meu nome foi suscitado em um contexto absolutamente infundado”, declarou, ressaltando que tomará medidas judiciais para resguardar sua imagem.
O que dizem os depoimentos e os próximos passos
Segundo a PF, até o momento, a única referência direta a Rueda surgiu no depoimento de Mauro Caputti Mattosinho, piloto que trabalhou na TAP. Em sua fala, ele afirmou que o dono da empresa, Epaminondas Chenu, mencionava que Rueda liderava um grupo com “muito dinheiro e que precisava gastar” na compra de aviões.
“Havia um clima de ‘boom’ de crescimento na empresa. E isso foi justificado como sendo um grupo muito forte, encabeçado pelo Rueda, que vinha com muito dinheiro que precisava gastar. Então, a aquisição de várias aeronaves foi financiada”, relatou Mattosinho em entrevista aos portais UOL e ICL Notícias.
A PF avalia se abrirá uma nova investigação específica sobre o presidente do União Brasil, caso surjam evidências adicionais.
As aeronaves envolvidas
- Raytheon R390 (PR-JRR): comprado por cerca de R$ 13 milhões, pertence à Fenix Participações, que tem entre os sócios o advogado Caio Vieira Rocha, filho do ex-ministro do STJ César Asfor Rocha, e o ex-senador Chiquinho Feitosa. Segundo depoimentos, Rueda seria sócio oculto.
- Cessna 560 XL (PR-LPG): com 12 lugares, passou por diferentes proprietários antes de chegar à Magic Aviation, presidida por Bruno Queiroz.
- Cessna Citation J2 (PT-FTC): vendido em setembro de 2023 por R$ 13,72 milhões para a empresa Serveg Serviços LTDA, cuja dona afirmou não ter conhecimento do negócio.
- Gulfstream G200 (PS-MRL): adquirido pela Rovaniemi Participações S.A. em abril de 2025, também ligada a Bruno Queiroz, apesar de ter capital social declarado de apenas R$ 100.
As conexões entre empresários, empresas de fachada e a movimentação milionária de aeronaves seguem no centro das apurações, com a possibilidade de ampliar o escopo da investigação envolvendo o dirigente partidário.