Aproximação entre Lula e Trump fez Eduardo Bolsonaro 'sair de cena', diz Paulo Teixeira
Ministro diz que sinalização de diálogo entre presidentes enfraquece articulação bolsonarista nos Estados Unidos
247 - O breve gesto de aproximação entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro, trouxe repercussões na política brasileira. Em entrevista a Igor Gadelha, do Metrópoles, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), avaliou que o encontro fez figuras como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o influenciador Paulo Figueiredo “saírem de cena”.
Segundo o ministro, a “química” entre os dois presidentes abre espaço para um novo ciclo de diálogo entre Brasil e Estados Unidos. Teixeira destacou que a relação direta entre Trump e Lula pode significar o enfraquecimento da articulação que Eduardo Bolsonaro vinha promovendo nos EUA desde março, ao lado de Figueiredo, em defesa de sanções contra autoridades brasileiras.
Bastidores na ONU
O ministro ressaltou que o gesto de Trump na ONU representou um marco nas relações diplomáticas. “O que foi importante na conferência das Nações Unidas? Foi que o presidente Trump se interessou em falar com o presidente Lula. E creio que ele vai perder essa relação com essas pessoas que fizeram esse trabalho sujo. Quer dizer: foi muito importante, inclusive, eles saíram de cena. Os dois, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, saíram de cena. E entraram na cena do diálogo Brasil–Estados Unidos as duas maiores autoridades: o presidente Trump e Lula”, afirmou.
Teixeira também classificou as tentativas de retaliação contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como resultado de um “trabalho criminoso” conduzido pelo deputado e pelo influenciador.
Divergência com empresários
Durante a entrevista, o ministro discordou da visão de setores empresariais que sugerem que Lula evite tratar de política em encontros com Trump. Para ele, o presidente brasileiro deve, sim, aproveitar a interlocução para questionar diretamente as sanções impostas a ministros do STF.
“Eu acho que o presidente Lula, sim, deveria tratar de todas as medidas, mostrando o quão injustificadas são as medidas de retaliação contra os ministros do Supremo Tribunal Federal”, disse Teixeira.
A avaliação do ministro reforça a expectativa de que a aproximação entre Trump e Lula possa alterar os rumos da articulação bolsonarista nos Estados Unidos, deslocando Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo para fora do centro das discussões diplomáticas.