Advogado de Bolsonaro defende auditor fiscal no esquema bilionário de corrupção em SP

247 - O auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, preso na Operação Ícaro sob suspeita de chefiar um esquema bilionário de créditos irregulares de ICMS na Secretaria da Fazenda de São Paulo (Sefaz-SP), contratou o advogado Paulo da Cunha Bueno, que também representa o presidente Jair Bolsonaro (PL), para sua defesa. A informação foi revelada pela Folha de S.Paulo.

Segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Artur orientava executivos de grandes varejistas, produzia documentos, acelerava análises de processos e autorizava transferências de créditos tributários para outras empresas. Os investigadores também apontam a contratação de uma empresa de cibersegurança, possivelmente para ocultar ou recuperar valores obtidos ilegalmente. Ele está preso desde terça-feira (13), no 8º Distrito Policial do Belenzinho, na zona leste da capital. Sua defesa ainda não se pronunciou.

“Serviço completo” para empresas

De acordo com as apurações, o auditor não apenas liberava valores acima do devido, como também resolvia questões administrativas e fiscais das companhias atendidas. “Ele fazia o serviço completo, resolvia todo tipo de pepino”, disse o promotor João Ricupero à Folha, ressaltando haver provas robustas da fraude.

A operação cumpriu 19 mandados de busca e apreensão e prendeu outros envolvidos, entre eles o empresário Sidney Oliveira, dono da rede de farmácias Ultrafarma, e Mario Otávio Gomes, diretor estatutário do grupo Fast Shop. Também foram detidos o auditor Marcelo de Almeida Gouvêa (em São José dos Campos) e o casal Celso Éder Gonzaga de Araújo e sua esposa (em Mato Grosso), acusados de atuar na lavagem de dinheiro. Na casa do casal, foram apreendidos R$ 1,2 milhão em espécie e pedras preciosas, incluindo esmeraldas.

Empresa de fachada e salto patrimonial

O MP-SP identificou a Smart Tax, registrada em nome da mãe de Artur, como empresa de fachada usada para receber milhões da Fast Shop por suposta assessoria em créditos tributários. Os investigadores afirmam que a companhia superfaturava pedidos de ressarcimento, fazendo o patrimônio do grupo saltar de R$ 411 mil em 2021 para cerca de R$ 2 bilhões em 2023.