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Haddad rebate Bill Gates: 'não faz sentido trocar energia limpa e barata por suja e cara'

Ministro afirma que o país não abrirá mão da transição energética nem trocará matriz limpa por poluentes

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad - 29/01/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - Durante evento da Bloomberg realizado em São Paulo nesta terça-feira (4), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), respondeu às declarações do bilionário Bill Gates sobre os riscos das mudanças climáticas. Em tom assertivo, Haddad afirmou que o Brasil não abrirá mão de sua política de transição energética nem substituirá fontes limpas por poluentes.

O ministro enfatizou que o país tem condições únicas para liderar o setor sustentável. “As vantagens competitivas do Brasil são aderentes à agenda climática. Independentemente do que o Bill Gates acha, o Brasil tem energia limpa e barata, e não faz sentido a gente trocar por energia suja e cara”, afirmou Haddad de acordo com a Folha de S. Paulo

Gates minimiza impacto das mudanças climáticas

O cofundador da Microsoft publicou recentemente um memorando em que classificou como “perspectiva apocalíptica” as previsões mais alarmistas sobre o aquecimento global. Segundo Gates, “embora as mudanças climáticas tenham consequências graves — especialmente para as pessoas nos países mais pobres — elas não levarão à extinção da humanidade”. Ele acrescentou que “as pessoas poderão viver e prosperar na maioria dos lugares da Terra no futuro próximo”.

"O lobby do carvão ainda é forte", alerta ministro

Haddad rebateu a visão de Gates, afirmando que o Brasil seguirá firme na descarbonização da economia, mesmo diante de resistências internas. “O setor que mais tem lobby no Brasil é o setor elétrico, é o cara do carvão, é o cara do gás. Tem interesses por todo lado, mas estamos conseguindo dar passos e podemos avançar mais em relação a isso”, destacou. O ministro ressaltou que o país tem se consolidado como referência internacional no uso de energia renovável, mantendo a matriz elétrica entre as mais limpas do mundo.

Investimentos crescem após o Acordo de Paris

Um relatório da BloombergNEF, divulgado na segunda-feira (3), aponta que os investimentos em energias renováveis nos mercados emergentes quase triplicaram desde 2015, ano da assinatura do Acordo de Paris. O valor saltou de US$ 49 bilhões para US$ 140 bilhões em 2024.

Entretanto, apenas 1% dos US$ 4 trilhões investidos globalmente na última década chegou aos países de baixa renda. A China continental concentrou 40% dos recursos, enquanto economias desenvolvidas receberam 42%. As nações em desenvolvimento, como o Brasil, ficaram com apenas 18% do total.

Fundo de Florestas é aposta do governo para a COP30

Ainda conforme a  reportagem, Haddad voltou a defender o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que pretende mobilizar US$ 10 bilhões em investimentos privados até 2026. O ministro classificou o fundo como “o carro-chefe” da presidência brasileira durante a COP30, que será realizada em Belém a partir da próxima segunda-feira (10).

“Para usar uma imagem fácil de entender, o TFFF é como se fosse um banco da floresta. Esse fundo capta a uma taxa de juros baixa, empresta a uma taxa de juros maior e, com a diferença, com o lucro, remunera por hectare as florestas tropicais dos países aderentes à proposta de combater o desmatamento”, explicou Haddad.

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