Brasil se destaca como líder em potencial para produção de SAF, revela estudo do MIT financiado pela Latam e Airbus

247 - Com o objetivo de promover alternativas sustentáveis para a aviação e contribuir com a descarbonização do setor aéreo, um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), financiado pela Latam e pela Airbus, revelou que o Brasil possui o maior potencial para a produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF) na América Latina. O estudo, intitulado "Opções para descarbonizar a aviação na América Latina de forma sustentável: uma avaliação das políticas de carbono, preços de carbono e consumo de combustível na aviação até 2050", analisa as condições socioeconômicas, ambientais e políticas públicas de seis países latino-americanos: Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru.

O Brasil é destacado por sua experiência consolidada no uso de biocombustíveis e pela ampla disponibilidade de matérias-primas, fatores que colocam o país em uma posição vantajosa para a produção de SAF, tanto em volume quanto em eficiência de custo. De acordo com os pesquisadores do MIT, a integração regional e uma abordagem unificada entre os países da América Latina são fundamentais para mitigar os custos elevados do SAF, que atualmente é de 2 a 3 vezes mais caro que o combustível fóssil. Com a colaboração regional, os países com menor potencial de produção de SAF teriam acesso a combustíveis com preços mais competitivos, enquanto os países produtores, como o Brasil, poderiam expandir suas oportunidades de mercado.

"O Brasil tem o maior potencial para a produção de SAF, tanto em termos de volume quanto de eficiência de custo de produção. Porém, se não traçarmos um caminho adequado, corremos o risco de elevar os custos e comprometer o desenvolvimento da nossa conectividade regional. A integração regional, neste contexto, se apresenta como uma alternativa chave para reduzir os sobrecustos e assegurar a transição para uma aviação mais sustentável", destaca Maria Elisa Curcio, diretora de Assuntos Corporativos, Regulatórios e Sustentabilidade da Latam Brasil.

Além disso, o estudo aponta que o SAF será essencial para a descarbonização do setor aéreo, um dos maiores responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa. Contudo, seu custo elevado pode representar um desafio significativo, pois os combustíveis de aviação tradicionais já representam cerca de 40% dos custos operacionais das companhias aéreas da região. A unificação das políticas de descarbonização entre os países da América Latina, segundo o MIT, poderia garantir economias de escala, maior competitividade e reduzir o impacto sobre a demanda de passageiros.

Guillaume Gressin, Vice-Presidente de Internacional, Estratégia e Operações Comerciais da Airbus América Latina e Caribe, reforça a importância da colaboração regional: "Este estudo confirma o potencial da América Latina para a produção de SAF e a lógica de alinhar as abordagens de descarbonização entre países para garantir a competitividade e economia de escala. Na Airbus, estamos convencidos de que a colaboração conjunta é essencial para nos aproximarmos das metas de redução de emissões e para impulsionar uma indústria SAF que beneficie a todos".

O estudo também menciona que a implementação de metodologias robustas de cadeia de custódia, como o Book and Claim, que permite o comércio de SAF sem a necessidade de transporte físico do combustível entre os países, é uma alternativa viável para facilitar a integração regional e reduzir custos. A análise aponta que, com essas práticas, seria possível garantir a sustentabilidade da produção de SAF na região, ao mesmo tempo em que se preserva a competitividade do mercado aéreo latino-americano.

O potencial do Brasil e da América Latina no desenvolvimento do SAF é uma oportunidade estratégica para o futuro da aviação sustentável, mas a transição para uma indústria de baixo carbono dependerá, em grande parte, de políticas públicas eficazes e da colaboração entre os países.