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      Claudia Sheinbaum descarta invasão militar dos Estados Unidos no México após ordem secreta de Trump

      Presidenta do México reafirma soberania nacional e diz que colaboração com os EUA no combate ao narcotráfico não inclui presença militar estrangeira

      Presidente do México, Claudia Sheinbaum, dá entrevista coletiva 14/07/2025 (Foto: REUTERS/Raquel Cunha)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, negou com firmeza qualquer possibilidade de uma intervenção militar dos Estados Unidos em território mexicano. Em declaração feita durante sua tradicional coletiva matutina nesta sexta-feira (8), Sheinbaum garantiu: “Estados Unidos não vai vir ao México com os militares, não vai haver invasão, isso está descartado absolutamente”.

      As declarações foram publicadas originalmente pelo jornal El País com base em reportagem do The New York Times, que revelou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva secreta autorizando operações militares diretas no exterior contra cartéis de drogas latino-americanos, classificados por sua administração como organizações terroristas.

      Negativa categórica da intervenção militar

      Durante sua fala, Sheinbaum reconheceu que a ideia de intervenção chegou a ser mencionada em conversas com autoridades norte-americanas, mas deixou claro que o governo mexicano rejeitou a proposta: “Quando o chegaram a plantear, lhes dissemos que não, que podemos colaborar de outras maneiras, mas isso não”.

      Segundo a mandatária, representantes dos EUA já haviam comunicado previamente sobre a ordem executiva e garantiram que ela “não tinha a ver com a participação de nenhum militar nem nenhuma instituição em território mexicano”. Sheinbaum reforçou que “não há risco de que venham a intervir em nosso território”.

      Trump intensifica ofensiva contra cartéis

      De acordo com o The New York Times, a medida de Trump representa o passo mais agressivo de sua administração na escalada contra o narcotráfico. A justificativa apresentada é a de que combater o tráfico de fentanil e outras drogas ilegais é uma das maiores prioridades de segurança nacional dos EUA.

      A Casa Branca, sob Trump, já havia classificado como organizações terroristas diversos grupos, entre eles seis cartéis mexicanos: Sinaloa, Jalisco Nueva Generación, Cárteles Unidos, Cartel del Noroeste, Cartel del Golfo e La Nueva Familia Michoacana. Também foram incluídos o venezuelano Tren de Aragua, a gangue Mara Salvatrucha e, mais recentemente, o Cartel de los Soles, também da Venezuela. Este último teria ligações com o presidente venezuelano Nicolás Maduro, cuja recompensa por captura foi elevada para 50 milhões de dólares.

      Soberania e crítica à unilateralidade dos EUA

      Sheinbaum já havia alertado, anteriormente, que a designação de cartéis mexicanos como grupos terroristas não deveria ser usada como pretexto para ações militares. “Eles podem colocar o nome que decidirem, mas com o México é colaboração e coordenação, nunca subordinação, não injerencismo e menos invasão”, declarou.

      O governo mexicano também criticou o fato de que tais designações foram feitas de forma unilateral pelos Estados Unidos, ignorando os princípios do direito internacional. A preocupação central é que, sob a legislação antiterrorismo norte-americana, os EUA possam justificar legalmente operações armadas em território estrangeiro sem o aval do Congresso nem da ONU.

      Conflitos retóricos entre os presidentes

      Desde que Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos em janeiro de 2025, as relações entre os dois países têm sido marcadas por trocas de declarações públicas sobre temas sensíveis, como segurança e tarifas comerciais. Em maio, Trump revelou que propôs a Sheinbaum o envio de tropas ao México para combater os cartéis. A presidenta rejeitou prontamente a sugestão em “defesa da soberania nacional”.

      Trump respondeu com seu estilo provocador, acusando-a de estar “paralisada pelo medo dos criminosos”. Em tom de ironia, Sheinbaum reagiu dias depois, ao comentar sobre o acordo judicial que transformou Ovidio Guzmán, filho de Joaquín "El Chapo" Guzmán e líder do Cartel de Sinaloa, em testemunha colaboradora: “Descumpriram a doutrina de que os Estados Unidos não negociam com terroristas”.

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