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Milei reforça aliança incondicional com os Estados Unidos

Presidente argentino consolida dependência política e econômica de Washington e se torna peça das ações imperialistas de Trump na América Latina

O presidente dos EUA, Donald Trump, recebe o presidente da Argentina, Javier Milei, na Casa Branca - 14/10/2025 (Foto: REUTERS/Jonathan Ernst)

247 – O presidente argentino Javier Milei reafirmou nesta sexta-feira (17) sua “aliança incondicional” com os Estados Unidos, durante pronunciamento em Washington que consolidou o alinhamento total de seu governo à política externa do presidente norte-americano Donald Trump. Em tom submisso, Milei declarou que “a liberdade e o mercado unem as duas nações” e que a Argentina está “do lado certo da história”.

A declaração foi amplamente interpretada como um gesto de vassalagem diplomática, que reforça a transformação da Argentina em peça estratégica do tabuleiro imperialista de Trump para reconquistar influência sobre a América Latina. Enquanto o Brasil e outros países da região defendem uma ordem multipolar baseada na soberania e na cooperação, Milei aposta em um discurso de dependência e hostilidade a projetos de integração regional.

Um governo de subordinação e isolamento regional

Desde sua posse, Milei tem promovido ataques sistemáticos aos blocos latino-americanos, rompendo laços históricos com Mercosul, Celac e Unasul, e adotando um discurso que demoniza governos progressistas e enfraquece as instituições de integração econômica do continente.

Em suas viagens aos Estados Unidos, o presidente argentino tem buscado estreitar laços com Trump e seus assessores ultraliberais, prometendo abrir a economia argentina às corporações norte-americanas e privatizar setores estratégicos, como energia, petróleo, gás e infraestrutura.

Analistas afirmam que tais políticas transformam a Argentina em dependente direta do capital especulativo internacional, minando sua soberania e condenando o país a uma posição periférica nas cadeias produtivas globais.

O braço latino do trumpismo

A aproximação de Milei com Trump e com os setores mais radicais da direita norte-americana não é apenas ideológica — é geopolítica. O governo dos EUA vê no argentino um aliado útil para conter a ascensão de governos soberanistas na região, especialmente Brasil, Colômbia, Chile e México, que hoje defendem a integração latino-americana e uma política externa independente.

 “Milei atua como a voz do trumpismo na América do Sul”, afirma um diplomata ouvido pela imprensa argentina. “Ele repete o discurso anticomunista dos anos 1950, travestido de neoliberalismo moderno.”

Enquanto Trump busca retomar o controle político e militar sobre o continente — reforçando bases na Colômbia, pressionando a Venezuela e tentando conter a influência da China —, Milei se coloca como porta-voz dessa agenda, enfraquecendo o eixo de cooperação sul-americano e atacando iniciativas de soberania energética e industrial.

Ruína econômica e submissão ideológica

Na Argentina, a política de austeridade extrema imposta por Milei tem provocado inflação persistente, aumento da pobreza e queda histórica do consumo popular. Ao mesmo tempo, o presidente repete o discurso de que o país precisa “abrir-se ao mundo”, ignorando que isso significa, na prática, subordinar-se aos interesses de Washington e de Wall Street.

O projeto político de Milei — sustentado por um neoliberalismo fundamentalista — desmonta o Estado, fragiliza a indústria nacional e entrega setores estratégicos a capitais estrangeiros, numa reedição das políticas de dependência que já devastaram a América Latina nos anos 1990.

O contraste com o Brasil e o eixo de soberania regional

Enquanto Milei aprofunda o isolamento argentino, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido uma integração latino-americana baseada na cooperação, na soberania e no desenvolvimento social.

O contraste é evidente: Lula atua para fortalecer a integração energética e industrial, reaproximando o continente em torno de um projeto de desenvolvimento comum; Milei, ao contrário, age para reconstruir a dependência externa e enfraquecer qualquer forma de unidade regional.

Em meio à nova disputa global por influência, Milei escolhe o caminho da submissão.

Enquanto a América Latina tenta construir um futuro de autonomia e prosperidade compartilhada, o presidente argentino opta por ser um satélite do imperialismo norte-americano, servindo aos interesses de Trump e de sua política de dominação sobre o continente.

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